COMO O SONHO DE CHEGAR LONGE NA TAÇA DE PORTUGAL FOI DESTRUÍDO POR UMA POLÉMICA ARBITRAGEM, NAQUELE QUE FOI O ADEUS DE CÂNDIDO TAVARES

A temporada de 1953/54 foi a última em que Cândido Tavares esteve a comandar o Vitória.

O homem que, como o Notícias de Guimarães escreveu em 27 de Junho de 1954, "solicitou as dádivas duns, a colaboração de outros, e, numa verdadeira roda viva, pôde transformar o Vitória que era um clube de futebol com cerca de duas dezenas de praticantes, numa agremiação de desporto categorizada", fruto da instituição das classes de ginástica, teve, contudo, um final de experiência em Guimarães infeliz.

Não pelo desempenho no campeonato que foi tranquilo, colocando o Vitória no oitavo posto entre catorze participantes, mas sim pelo sucedido na Taça de Portugal, que se jogava a seguir ao fim do escalão maior do futebol português, em eliminatórias discutidas a duas mãos. Assim, depois da equipa ter eliminado o Sporting da Covilhã com um êxito por três bolas a zero na Amorosa, seguindo-se uma derrota com números fora do comum no sopé da Serra da Estrela por cinco bolas a quatro, apurando-se, por via destes resultados, para os quartos de final da prova rainha do futebol português-

Calhar-lhe-ia em sorte um dos maiores rivais da sua existência, o Boavista. A primeira mão, com o Vitória a alinhar com Silva; Cesário, Costa; Rebelo, Cerqueira, José da Costa; Caraça, Silveira, Juanin, Miguel e Rola, terminaria empatada a um, valendo para a equipa do Rei o golo apontado por Juanin já no final da partida, depois da turma axadrezada ter-se adiantado na contenda, ainda, na primeira metade desta.

Seguia-se a segunda mão, com tudo, ainda, em aberto para a equipa apurar-se para as meias finais da prova. Porém, um balde de água gelada abater-se-ia sobre a equipa vitoriana. Com efeito, no último jogo de Cândido Tavares em Guimarães, o Vitória seria eliminado ao perder por três bolas a duas, ainda que tudo fizesse para ter vencido, como escreveu o Comércio de Guimarães de 25 de Junho de 1954, que dizia que "o Vitória foi vencido, não pela sua actuação que foi brilhante, na 2ª parte, mas pela decisão do juiz de campo.", que depois se complementava que houvera negado a marcação de duas grandes penalidades ao Vitória.

Tal levou a que, como noticiou o Notícias de Guimarães de dia 27 desse mês e ano "a Direcção do Vitória reclamou contra os castigos que foram aplicados a dois dos seus jogadores como consequência dos factos passados no jogo..." A fundamentar essa reclamação e alicerçado no que a imprensa do Porto escrevera "a forma arbitrária como a partida foi dirigida. Quando a injustiça campeia são difíceis de controla quem quer que seja." Por isso; "não havia quem fosse capaz de dominar o seu sistema nervoso perante atitude de tal jaez, somente um cobarde como o árbitro."

Assim, no derradeiro jogo de Cândido Tavares ao serviço do clube, os Conquistadores eram colocados borda fora da Taça de Portugal de modo que levava a que se pedisse a "quem de direito há-de tomar uma atitude que termine com este estado de coisas. O Vitória irá até onde entender necessário para que seja atendida a sua reclamação", já que na temporada anterior, também, haviam sido decisões polémicas da equipa de arbitragem a colocar os Conquistadores fora da prova, desta feita nas meias finais da competição frente ao Benfica... mas isso será outra história!

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