Ser vitoriano é ser-se exigente...
É apoiar a equipa de modo incessante, mas com a consciência crítica de analisar o que correu menos bem no final da partida.
Porém, momentos haverá, em que, logo após o término da contenda, o desagrado fala mais alto e a manifestação das massas fica para a história.
Estávamos no último dia de 1988... apesar do Vitória ter vivido dias de glória com o histórico triunfo na Supertaça Cândido de Oliveira, teimava em não encarreirar... e os nervos dos vitorianos estavam em franja, ao perceberem que seria difícil obter uma qualificação europeia.
Assim, nesse dia, a alinhar com Neno; Nando, Bené, Germano, Vítor Santos; Nascimento, René, N'Dinga; Chiquinho, João Baptista e Silvinho, os Conquistadores adiantaram-se no marcador, logo aos dois minutos. Porém, como referia o Notícias de Guimarães de 06 de Janeiro de 1989, em alusão aos jogadores vitorianos, " ambiciosos é que os pupilos de Geninho não são. Marcaram um golo e fecharam a porta do futebol e abriram a do "queimar tempo". Só que "queimar tempo" resulta quando há apenas uns minutos para jogar e não quando se está a uns minutos do início."
Aliás, seria mais contundente ao questionar " é o caso para perguntar quando é que estes homens metem na cabeça que um jogo de futebol são 90 minutos, e, às vezes, até mais alguns? Será que todas as equipas têm de chamar Porto, Benfica ou Sporting"?
Atento a esta atitude, apenas Neno, de longe, na baliza parecia querer incentivar os colegas em tentarem obter um golo que lhes garantisse a tranquilidade. Não sucederia, ocorrendo, todavia, o empate maritimista, perante a indignação e a estupefacção dos adeptos, desolados com tamanha falta de querer.
Por isso, "foi com uma tremenda assobiadela que a massa associativa do Vitória despediu a sua equipa neste 1988. Mas sem dúvida que o Dr. Geninho foi o alvo máximo da assobiadela e, das inúmeras críticas que ouvimos nas bancadas..."
Geninho, esse, teria de confessar que "eu não fui quem errou os passes, não perdi as oportunidades, não fui quem deu espaço aos adversários, mas sou o comandante, por isso assumo a responsabilidade...”
Uma atitude digna, mas que não seria siuficiente para um homem que jamais se afirmou no Vitória acabar a temporada em Guimarães.