COMO JEAN LUCIANO, TREINADOR DO QUARTO LUGAR DE 65/66, DISSE NÃO AO BENFICA PARA CONTINUAR NO VITÓRIA...

Estávamos em 1965/66...

O Vitória tinha constituído uma fantástica equipa, onde pontificavam nomes como os brasileiros José Morais e Djalma, bem como os portugueses Peres e Mendes e que acabara de conquistar um extraordinário quarto posto na tabela. A orientá-la estava Jean Luciano, um francês que houvera trabalhado na temporada antecedente no Sporting e que, como jogador, chegara a actuar no Real Madrid.

Os Conquistadores fariam uma época fora de série, classificando-se a um ponto do terceiro posto e, por isso, chamando a atenção sobre si dos clubes mais titulados do futebol português. Assim, no final da temporada, Djalma foi vendido para o FC Porto, José Morais partiu para o Sporting, graças a um artifício jurídico em que o futebol português sempre foi pródigo e o treinador Jean Luciano esteve à bica para substituir Béla Gutmann no Benfica que, depois de ter-se sagrado bicampeão europeu regressara aos encarnados para nem sequer conseguir conquistar o título nacional... e não esconjurar a maldição europeia que anteriormente houvera lançado!

Por isso, lançaram-se os lisboetas em busca de um novo treinador, lançando o engodo ao técnico vitoriano que tão bom trabalho houvera realizado. Este, como escreveu Fernando Roriz, na sua coluna no Notícias de Guimarães, "tinha efectivamente, e de há muito, conhecimento do interesse do Vitória em manter os seus serviços. Todavia, porque as condições do seu contrato de 1965/66, estabelecidas numa base excepcionalmente modesta, impunham modificações de certo vulto, aliás previstas desde que o técnico francês firmou o primeiro compromisso com o Vitória, no espírito daquele era forçosa a dúvida, como o era em relação aos responsáveis do clube, de se tornar realmente viável a renovação..."

Estando a situação nesse impasse, os encarnados não terão hesitado e sondaram o treinador acerca da viabilidade de regressar a Lisboa, mas desta feita ao outro lado da Segunda Circular. O treinador terá, atento as dúvidas existentes se o Vitória poderia pagar-lhe o que pretendia, optado pelo "nim". Manteve-se aberto a essa possibilidade, fazendo depender a sua decisão definitiva do acto eleitoral que se iria realizar no clube lisboeta, mas sempre esperando pelo Vitória.

Quando os Conquistadores conseguiram reunir as condições mínimas que o treinador pretendia, "o técnico francês inclinou-se, desde logo, para a hipótese de continuar em Guimarães, não apenas por convictas afirmações em tal sentido, como também e principalmente por uma conduta de trabalho inteiramente definidora do mais firme desejo de prosseguir aqui por mais um ano a sua carreira profissional."

Porém, antes disso, Luciano tinha que se libertar do compromisso que, anteriormente, já houvera rubricado com o Benfica. Para isso, "por razões que não dependeram de si, mas tão somente do perturbado momento vivido pelo clube lisboeta, isso não lhe foi possível no momento que para o Vitória se mostrava o mais conveniente e oportuno, daí nascendo aquele ambiente de dúvida e hesitação em volta do problema que naturalmente não terá sido do agrado dos adeptos locais." Assim, foi firmada uma data limite para o Benfica tomar uma posição, o que não sucedeu, atendendo aos factores supra descritos, levando Luciano a renovar o contrato com o Vitória... ainda que, mesmo assim, o Benfica tivesse-lhe pedido para adiar tal decisão por uns dias.

O Benfica, esse, optaria pelo chileno Fernado Riera, que seria capaz de recuperar o título nacional, enquanto Luciano haveria de fazer pior do que no anterior, ao classificar-se no sexto posto. Por essa razão, haveria de partir, rumo ao seu país natal para treinar o SC Toulon...ficando na história a sua nega ao Benfica!

Postagem Anterior Próxima Postagem