COMO, EM JEITO DE CONFISSÃO, OS JOGADORES VITORIANOS DERAM A CONHECER AS SUAS MANIAS E SUPERSTIÇÕES...

Estávamos em Janeiro de 1943...

O Vitória era das equipas sensação do país, tendo ascendido na temporada anterior, pela primeira vez, ao principal escalão do futebol nacional bem como tendo estreado-se na final da Taça de Portugal perdida perante o Belenenses.

Era, pois, uma equipa que começava a suscitar curiosidade, ainda para mais numa altura em que era difícil conhecer as estrelas maiores do futebol português, atento à pouca atenção que os jornais generalistas votavam ao desporto-rei. Por isso, a Revista Stadium naquela década de 40 do século passado desempenhava um importantíssimo papel, ao ser a única revista portuguesa especializada em desporto, pelo que dava notícia dos jogos que se iam desenrolando, destacando os seus principais protagonistas.

Por essa razão, a revista de 20 de Janeiro desse ano, na cidade de Guimarães, terá esgotado. Nela, antes da partida que iriam defrontar perante o Belenenses, nas Salésias, e que haveriam de perder por uma dúzia de golos sem resposta, os jogadores vitorianos deram-se a conhecer, de modo a tornarem-se mais próximos de quem já os ia idolatrando.

Assim o guarda-redes Machado confessava que "gosta de beber antes dum encontro, um calicezinho de qualquer bebida reconfortante e que procura sempre entrar em campo com o pé direito...Também se, logo de entrada, faz uma boa defesa, já não perde o jogo..."

Depois era a vez de Lino, que afirmou que "se enerva se o jogo demora a principiar e que é raro perder quando a sua equipa é a primeira a marcar."

O defesa esquerdo, João Rodrigues, esse, jurava que "ver um corcunda é bom presságio; o vento é enguiço."

O lendário capitão Zeferino Duarte assumia gostar "de entrar no terreno com o pé direito e tem a impressão de que perde sempre que joga sem o seu gorro."

O habilidoso José Maria era um apaixonado pelo bilhar, pelo que "o resultado de uma partida de bilhar que jogue antes dum desafio de futebol, dita-lhe o desfecho do desafio."

Miguel, o homem que apontou o primeiro golo da história vitoriana na Primeira Divisão, "confessa que é, para ele, de bom prenúncio verificar que existe, ao redor do terreno, grande expectativa e ambiente febril. Com o vento, tem azar..."

Para Alexandre, o autor do primeiro golo na Amorosa, o ideal era "ver os colegas excitados, a fazerem barulho antes dum desafio. Mau sinal é quando há calmaria entre a equipa..."

Arlindo seguia essa opinião, complementando se "essa excitação representa desentendimentos ou sarilho à vista, então não, as coisas não correm bem..."

E, assim, os heróis de então davam-se a conhecer, aproximando-se de quem tanto os aplaudia...

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