Aquela temporada de 1988/89, a nível sénior, foi uma desilusão.
Geninho jamais conseguiu colocar os Conquistadores a actuar em velocidade de cruzeiro, ainda que vencesse o primeiro título sénior da história do clube (a Supertaça Cândido de Oliveira) chegando mesmo a ser eliminado na Taça de Portugal pelo Vasco da Gama de Sines a militar na Terceira Divisão Nacional. Seria substituído pelo jogador Nené que levaria a temporada até ao fim sem conseguiu alcançar o apuramento europeu.
Porém, nesse altura, havia uma jovem equipa vitoriana que fazia os adeptos andarem com ela ao colo. Falamos da equipa de juniores do Vitória, orientada pela velha glória do clube, Manuel Pinto, e que fez a todos sonharem com um título que só haveria de chegar dois anos depois.
Nesse ano, a equipa em que pontificavam nomes como Baptista, Quim Berto, Costeado, Manuel António, Vítor Abreu, Artur Jorge ou Peixoto faria prova a merecer todos os elogios, confirmando que a aposta na beneficiação das condições do Complexo Desportivo da Unidade e a sapiente coordenação técnica de Manuel Machado estava a dar frutos.
Assim, depois de terna segunda fase, ganho o grupo de apuramento para a fase decisiva, numa poule que contava, entre outros, com o FC Porto e Boavista seguiu-se a fase final. Nesse, alguns momentos, ficaram na memória de todos os adeptos.
Comecemos com um pontuado pelos adeptos, a confirmar o que dizíamos supra. Na Madeira, frente ao Marítimo, apesar dos jovens vitorianos terem sido derrotados por uma bola a zero, num resultado que poderá ter decidido o destino do campeonato, merecerão realce as palavras do Notícias de Guimarães de 16 de Junho de 1989 que escreveu "... nesta deslocação à Pérola do Atlântico, muitos foram os adeptos que dispensaram o seu apoio a estes jovens.... E a verdade é que não era nenhuma multidão, mas eram suficientes para se fazerem notar na bancada de forma a que dentro das quatro linhas os jovens não se sentissem sós."
Na jornada seguinte surgiria, provavelmente, a maior goleada da história dos juniores vitorianos. Frente ao Praiense, a equipa composta por Zé Beto; Paulo Sérgio, Ricardo, Eugénio, Costeado; Miguel, Filipe Lopes, Manuel António; Vítor Abreu, Gomes e Tito seria capaz de triunfar... por dezassete bolas a zero! Um resultado tão amplo que fez o director dos açorianos ter a seguinte conversa com o jornalista do Notícias de Guimarães que cobria o jogo: " - Quanto há? Respondemos-lhe dez zero. E ele, exclamou: Dez,só?!"
Num jogo facilmente desbloqueado pelo facto dos dois primeiros golos vitorianos terem sido apontados pelos jovens atletas açorianos na própria baliza, merecerá ficar eternizado os marcadores dos tentos Conquistadores: Tito (4); Vítor Abreu (3); Gomes (3); Filipe Lopes (3); Manuel António (1); Mané (1).
Porém, o jogo mais inesquecível dessa caminhada terá sido disputado em pleno estádio da Luz, frente ao Benfica que, na primeira volta, tinha vencido em Guimarães por quatro bolas a zero. Contudo, nesse Domingo de manhã, assistiu-se a uma partida em que "desde o apito inicial que os branquinhos deram o tom e quando Vítor Abreu fez o golo (mas que golo) já outra coisa não se esperava."
A semana seguinte seria de festa. Frente ao Marítimo, o triunfo por três bolas a zero, com golos de Gomes, Vítor Abreu e Miguel selaram o vice-campeonato atrás do Benfica. Não fosse aquela escorregadela na Madeira e quem sabe que história seria feita, dois anos antes daquele inesquecível título de juniores?
Contudo, em nota de lamento, refira-se um facto que se tem vindo a prolongar no tempo. Apesar da excelência dos jovens atletas vitorianos, nenhum deles seria chamado por Carlos Queiroz ao Mundial de sub-20 que se disputou na Arábia Saudita e em que Portugal se sagrou campeão mundial. Ao invés, nomes como Fernando Couto, Jorge Costa, Toni, Jorge Couto ou Folha que haviam sido eliminados pelo Vitória na segunda fase do campeonato, antes da poule decisiva, foram merecedores dessa oportunidade, uns nesse ano e outros dois anos depois em Lisboa... onde os atletas vitorianos, recentemente laureados campeões nacionais, foram ostracizados pela Federação Portuguesa de Futebol e pelos seus responsáveis. A vida, também, se constrói com essas oportunidades!