António Jesus foi, provavelmente, o mais lendário guarda-redes vitoriano.
Chegado a Guimarães na temporada de 1981/82, ganharia o lugar a Damas, para, posteriormente, ter mais dificuldades em discuti-lo com Silvino que, durante dois anos, foi o guardião titular dos Conquistadores.
Porém, com a partida deste para o Benfica, iria ter de discutir o lugar com Neno, então um jovem, que chegava ao Vitória emprestado pelo Benfica. Estávamos na temporada de 1984/85 e Goethals, o Velho Feiticeiro belga, era o treinador do Vitória, ainda que não pudesse assumir o banco de suplentes. Porém, apesar de Jesus já ser um nome firmado no futebol português e no clube, surpreendentemente, Neno mereceria ser uma aposta mais consistente, apesar de estar no clube há mais tempo, ser mais experiente e não se encontrar emprestado.
Ora, como o próprio Jesus haveria de reconhecer em entrevista de 1985 ao jornal do clube, "penso que passei para suplente numa altura em que cerca de 98% da massa associativa não esperava." Confessaria, no mesmo artigo, que "em princípio, encarei a coisa normalmente, depois quando me apercebi de que nunca mais me seria dada uma oportunidade, as pessoas brincaram comigo e eu caí um pedaço."
Viria, depois, a surpreendente e dolorosa revelação ao dizer que "só tenho de lamentar que tivessem feito jogadas sujas, isto é tentaram-me provocar para ver se caía numa armadilha para ver se conseguiam correr comigo do clube.” Porém, haveria de concluir que "não conseguiram porque já levo 15 anos de experiência no futebol e sei o que é bom e o que é mau para o jogador."
Mas, não se ficaria por aí, dizendo que foram "os dois" que tentaram correr com ele, concretizando serem "os dois treinadores.... Goethals e Djunga com certeza."
Terá sido um dos poucos gritos de revolta de um homem que escreveu uma bela história no Vitória!