COMO AQUELE DEBATE EM HORÁRIO NOBRE, AQUECEU AQUELA NOITE PRÉ-ELEITORAL VITORIANA E ONDE SE VIU PIMENTA NAS SUAS SETE QUINTAS E ARANTES DESCONFORTÁVEL...

Estávamos no início do ano 2000...

O Vitória vivia um período eleitoral que envolvia o presidente em exercício, Pimenta Machado e aquele que fora o seu vice-presidente até um determinado período e, agora, era seu oponente, José Arantes.

Depois de uma campanha escaldante, em que se falou de transparência, das acusações que N'Dinga houvera proferido contra Pimenta, do modelo empresarial que o clube deveria seguir ou não, chegara o momento esperado por todos os vitorianos: o debate em horário nobre, em canal aberto, sinal do interesse que o acto eleitoral vitoriano desencadeava no país.

Assim, depois da SIC ter recusado o confronto de ideias por considerar que o mesmo não tinha expressão nem interesse nacional (para a SIC, o centralismo lisboeta foi sempre o mais importante), encontraram-se os dois candidatos no programa Jogo Falado, que era transmitido à Segunda-feira, e que contava com três comentadores residentes: Fernando Seara, Pôncio Monteiro e Pedro Santana Lopes.

Segundo o jornal Sport de 24 de Janeiro de 2000, tratou-se de "quase uma desilusão". Não houve calor, no frente-a-frente, já que, tal como acontece inúmeras vezes, nos jogos de futebol, um dos participantes entrou preocupado em atirar a bola para fora e queimar tempo para que o jogo terminasse rapidamente." Referia-se, pois, às maiores dificuldades e menor experiência de Arantes neste contexto, enquanto Pimenta, um velho conhecedor das câmaras, sentia-se como peixe na água.

Quanto aos pormenores do confronto, o pretendente ao trono bateria várias vezes na tecla da mudança, procurando sublinhar por várias vezes o seu slogan eleitoral "mais Vitória com mais vitórias." Pimenta, esse, refutou essa necessidade de mudar, pois "lembrou que, nos seus mandatos, desportivamente, o Vitória pulverizou todos os resultados anteriores. Desmistificou a ideia de se considerar o Boavista, como o quarto maior clube do futebol português, mesmo quando se faz um ranking, apenas dos resultados e classificações da última década."

A SAD, como já fomos referindo, aqueceu um pouco da noite, pois Arantes afirmou que "os sócios podem fazer com que o clube viva sem necessidade de recorrer a uma SAD. Pimenta Machado agarrou o tema e não deixou de referir que com uma SAD no Vitória, podemos encaixar três milhões de contos e com esse dinheiro, para além dos conhecimentos que temos do mercado futebolístico, podemos lutar pelo título."

Quanto a momentos picantes, o melhor estaria reservado para o final, quando Pimenta largou o trunfo de que "o Vitória está a seis pontos do segundo lugar e a pensar nisso é que fizemos as contratações que posso anunciar." Tentou, aqui, Arantes uma réplica que lhe saiu ao contrário, quando questionou "Tuta e Evando?". Pimenta deixá-lo-ia sem argumentos ao exclamar "por acaso é o Evando. Além de Preto, que representava o Vitória da Bahia."

Com o debate na mão, o então presidente acabaria ao seu estilo e "acabou por dizer que José Arantes desconhecia a vida do futebol vitoriano." Quase como um teste, lançou uma pergunta de algibeira: "sabe quantos juniores, o Vitória promoveu esta temporada? ... (Silêncio) Naturalmente que não sabe, porque não percebe nada de futebol"...e, assim, aplicava o último golpe ao seu oponente em direcção à recondução, após 20 anos de liderança.

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