A temporada de 1969/70 não fora ao nível da antecedente.
O Vitória, órfão de Jorge Vieira, não fora feliz na escolha de Gilberto Carvalho para treinador, recorrendo a Fernando Caiado, como plano de contingência.
A equipa, pese embora essas dificuldades, manter-se-ia na primeira metade da tabela, chegando à derradeira jornada do campeonato no quinto posto da tabela, a dois pontos do quarto classificado, o surpreendente Varzim, e em igualdade pontual com o sexto posicionado, o Barreirense. Nessa última etapa do nacional maior, caberia aos varzinistas rumar ao Benfica, no segundo posto, e já sem hipóteses de roubar a liderança ao Sporting, enquanto o Barreirense deveria viajar ao Belenenses e o Vitória receber o Porto.
Refira-se que, apesar de, nesse ano, os azuis e brancos terem feito um dos piores campeonatos da sua história, classificando-se abaixo do meio da tabela, no nono posto, a verdade é que eram um adversário melindroso e com capacidades, ainda para mais ferido no orgulho por causa de um ano atípico e infeliz.
Assim, nesse dia 19 de Abril de 1970, com os Conquistadores a alinharem com Rodrigues; Costeado, Manuel Pinto, Joaquim, Jorge, Silva; Bernardo da Velha, Peres, Osvaldinho; Zezinho, Mendes e Manuel, segundo o Notícia de Guimarães de 25 de Abril de 1970, a partida "teve a sua importância porque se encontrava a possibilidade do Vitória se fixar na posição a que se guindou." Por isso, gerou-se "dentro do rectângulo uma certa tensão entre todos os sectores para conseguir tão salutar posição."
Porém, durante muito tempo, o entusiasmo e o interesse proveio dos resultados dos concorrentes directos do Vitória. Assim, enquanto o Varzim ia perdendo no Benfica, o Barreirense ia vencendo no Restelo, pelo que o Vitória para conseguir, pelo menos, o quinto posto tinha de ganhar... o que estava a ser difícil, com o empate a zero a parecer amarrado, de forma irreversível, ao placard.
Até que se chegou ao último minuto da partida... e aquele que terá sido o momento mais inesquecível que Mendes "O Pé Canhão" terá vivido de Rei ao peito. Num livre imparável, como tantos que apontou, fuzilou o guardião Rui Teixeira, fazendo o esférico, apenas, parar nas malhas portistas.
O Vitória triunfava no derradeiro lance do jogo, carimbando, de modo inesquecível, o segundo apuramento europeu!