A HISTÓRICA PARTICIPAÇÃO NA TAÇA INTERTOTO, ENTÃO TAÇA RAPPAN, AINDA QUE O PRESIDENTE, MANUEL RODRIGUES GUIMARÃES, DISSESSE QUE NÃO VOLTARIA A ELA, ATÉ DANDO DINHEIRO DO SEU BOLSO PARA ISSO ACONTECER!

Durante a década de 70, o Vitória andou arredado das competições europeias.

Fosse pelos excessivos sextos lugares, fosse pelas inenarráveis arbitragens, como as de António Garrido, a verdade é que os Conquistadores não conseguiram entrar nas competições uefeiras. Por isso, a Taça Intertoto, na altura denominada de Taça Rappan, em honra do treinador austro-suíço que impôs a táctica do "verrou" - leia-se ferrolho em português -, foi a melhor saída para os Conquistadores continuarem a competir na Europa do futebol.

Assim, foi em 1974/75 que o conjunto vitoriano, orientado por Mário Wilson, se estreou na prova, num grupo que, também, integrava os alemães do Hamburgo, os suíços do Neuchatel Xamax e os suecos do Djurgardens, onde foi retirada a fotografia que ilustra o presente artigo. Como prémio para cada um dos vencedores dos grupos, a quantia de 10 mil francos suíços, o equivalente a 10341 euros.

O Vitória faria prova digna ao vencer todos os jogos caseiros, com especial destaque para o êxito por três bolas a uma sobre a valiosa equipa germânica e conseguindo, pela primeira vez, vencer uma partida no estrangeiro, ao bater o conjunto helvético.

Uma prestação que, para o Notícias de Guimarães, tinha de ser aceite "como boa, pois colocou-se, e de largo, à frente de suíços e suecos e ficou apenas a um passo do vencedor da série, equipa de boa categoria e representante de um dos melhores futebóis do mundo, em todos os tempos, o alemão, como todos sabem."

Porém, nem todos pensavam assim. O presidente vitoriano, Manuel Rodrigues Guimarães, garantia no jornal "A Bola" de 29 de Julho de 1974, que "comigo, o Vitória não voltaria a esta competição." Aliás, juraria mesmo que se fosse possível evitar a competição, "daria cem contos do meu bolso. Cem contos? Até dava duzentos..."

A razão era simples. O Vitória, apesar dos bons resultados desportivos, perdera dinheiro ao participar na competição, pelo que urgia reunir em Lisboa para tentar resolver a questão. Assim, afirmava que tudo estava "dependente do espírito de compreensão do Totobola. (...) Espero que o problema se resolva de modo a que o Vitória não seja prejudicado e não perca dinheiro. Mas tal como estão as coisas neste momento, o Vitória, comigo na direcção, não voltaria à Taça Rappan."

Haveria mesmo de voltar, dois anos depois... para, aí sim, participar pela derradeira vez na prova até aos dias de hoje!

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