Terá sido, provavelmente, um dos mais belos episódios da estada de Marinho Peres em Guimarães. Aquela eliminatória com o Atlético Madrid foi um momento marcante para todos aqueles que a ela assistiram.
Porém, quando as bolinhas da sorte indicaram que os Conquistadores iam encontrar o Atlético Madrid, a maioria terá torcido o nariz, atendendo ao estatuto e potencialidade da equipa colchonera.
Assim, no dia 22 de Outubro de 1986, uma Quarta-feira pela tarde, a alinhar com Jesus; Costeado, Tozé, Miguel, Nascimento; Carvalho, Roldão, Adão; N'Kama, Paulinho Cascavel e Ademir, as equipas encontraram-se pela primeira vez no, então, Municipal. O Vitória, apesar de ter entrado dominador, não conseguiria materializar essa vantagem territorial no marcador. Tal só haveria de suceder na segunda metade quando Paulinho Cascavel, na cobrança de uma grande penalidade, fez a imensa mancha branca que lotava o estádio explodir de alegria. A partir desse momento, o Vitória passou a jogar em contra-ataque, mas, mesmo assim, teve oportunidades de ampliar a vantagem, como quando N'Kama falhou o segundo tento cinco minutos depois.
Porém, a maior explosão de alegria haveria de suceder no último minuto do prélio, quando Roldão, com um golo soberbo, abriu as portas da eliminatória seguinte... todavia, iria ser necessário sofrer no Vicente Calderon, na segunda mão da eliminatória.
Aí, numa deslocação que terá sido das maiores da história vitoriana, a hostilidade e intimidação foi a nota dominante. Esperavam os espanhóis, com essas atitudes, atemorizar os atletas vitorianos, algo que os adeptos também sofreram na pele com agressões, apedrejamentos e até ao furto dos farnéis que tinham dentro dos carros.
Porém, aquela equipa, orientada por "Seu Marinho" era dotada de personalidade incomum e que a fazia distinguir da banalidade. Aguentaria de modo estoico as estocadas contrárias, sempre procurando a oportunidade de aplicar um contra-golpe que matasse, de vez, todas as veleidades espanholas.
Porém, a segunda metade trouxe novas e redobradas dificuldades. Assim, aos 55 minutos, Nené, depois de chocar com Miguel, teve de sair lesionado, para quase, logo de seguida, o árbitro belga apontar uma grande penalidade a favor do emblema colchonero. Porém, Jesus, em noite inspirada, faria um milagre, acertando o lado e repelindo a bola para longe. Era um sinal que os deuses do futebol, também, estavam com o Vitória.
Assim, seria com Jesus e o último reduto vitoriano a garantirem o nulo que se chegou ao último minuto, altura em que o Atlético Madrid, finalmente, reduziu as diferenças. Porém, era tarde demais e o Vitória faria a festa!
Essa seria inesquecível, com o Toural repleto de gente a celebrar um dos mais belos feitos da centenária história do clube!