Era um dos meninos de ouro da formação naquela década de 80, em que o Vitória andou, regularmente, nos mais altos patamares do futebol português e até europeu...
Aposta do belga Goethals na temporada de 1984/85, Miguel afirmar-se-ia, a título definitivo, no exercício de 1985/86 quando, como escreveu a revista Foot de Fevereiro de 1986, "António Morais soube fazer dele o pronto-socorro da sua defesa - o outro elemento com que ninguém conta e aparece no sítio certo e na altura certa para matar as jogadas adversárias."
Referimo-nos a um defesa tão resolutivo e determinante, num estilo que, como escrevia a publicação consultada, "é forte e feio e pontapé para a frente, mas ele corta-as todas..."
Era, pois, o sonho que se tornava realidade de um vimaranense nascido no Bairro Pimenta Machado em Azurém e vitoriano desde o primeiro momento. Além disso, que sempre desejou jogar a defesa, pois "desde os iniciados que jogo a defesa. Comecei a lateral esquerdo; depois nos juvenis, fiz vários jogos a trinco ou a libero. Mas sinto-me melhor a central."
Um defesa que começou a olhar para a possibilidade de fazer carreira aos 14 anos, quando "andava a estudar e quando soube que tinha a possibilidade de ir treinar no Vitória, nos iniciados, não olhei para trás." Era o início de um percurso que nos seniores o haveria de levar por empréstimo ao Moreirense e ao Vizela, até tornar-se aposta de Goethals e pedra fulcral da equipa. Tanto que garantia "acima de tudo está o Vitória", ainda que o principal objectivo fosse "manter o lugar na equipa" e que "sente orgulho" em representar o Vitória.
Assim seria, durante quatro temporadas até ao final do exercício de 1987/88, momento em que se transferiu para o Sporting. No clube do seu coração disputaria 151 partidas, apontaria quatro golos e por cinco vezes seria internacional português... nada mau para um rapaz simples e que "tinha conseguido prender o público e chamar a atenção da crítica com a sua forma de estar em campo, batalhado, voluntarioso e eficiente."