COMO AQUELE JOGO NA MADEIRA QUE COMEÇOU A CORRER MAL MESMO ANTES DE TER COMEÇADO, PARECEU SER O PRENÚNCIO DO ADEUS DE FILIPOVIC, QUE DEPOIS DE TER ERRADO, LEMBROU-SE DOS APANHA-BOLAS (OU DA FALTA DELES)...

Aquele exercício de 1998/99 parecia não descolar...

O Vitória começou mal ao perder em casa do, então, rival, Boavista, para nunca mais entrar em velocidade de cruzeiro, ainda que goleasse o vizinho SC Braga por cinco bolas a uma e o Chaves ao apontar meia dúzia de golos e só tendo sofrido um.

Porém, depois da eliminação europeia frente ao Celtic Glasgow e três derrotas consecutivas para a Liga Nacional, a verdade é que a equipa haveria de mostrar ligeiras melhoras ao somar sete desafios sem ser derrotada, ainda que só triunfasse em três deles.

Apesar disso, aquela partida a meio de Dezembro de 1998 pareceu, desde logo, assumir contornos do requiem de despedida de Zoran Filipovic, o treinador sérvio, surpreendentemente, escolhido por Pimenta Machado, após Quinito ter decidido abandonar o posto após a obtenção de um saboroso terceiro lugar...desde o início da viagem, onde nada correu bem.

Assim, como escreveu o jornal Desportivo de Guimarães de 15 de Dezembro de 1998, "...o Vitória teve de sucumbir (!) perante dois adversários neste fim de semana: as condições climatéricas do último sábado na capital portuguesa e um Marítimo afoito e pertinaz na segunda parte do jogo."

Relativamente às primeiras, poderemos dizer que, fruto do forte nevoeiro que atingiu o aeroporto de Lisboa, vários voos foram cancelados ou adiados. Por isso, "o plantel do Vitória tinha voo marcado para as 17 horas (saída de Lisboa onde fez escala), chegando apenas às 11 da noite. Isto depois de duas horas e meia de espera em Pedras Rubras", o que fez com que a ligação marcada para a Pérola do Atlântico se perdesse.

Por esse motivo, a estrutura vitoriana resolveu marcar voos para as 22 horas, "mas, mais uma vez, o agravamento do tempo arruinou os planos do Vitória." Por essas razões, terá sido mesma aventada a possibilidade de regressar a Guimarães, para depois pelas 22h50m ter chegado a informação que a expedição poderia ser desencadeada. Apesar da maratona, "como os regulamentos estipulam que desde uma equipa parta para o destino antes da meia-noite do dia do encontro (que foi o que aconteceu) o desafio tem de ser realizado." O Vitória chegou ao hotel pelas 02 horas da manhã, o que levou a que o jogador Evando, por esses dias em alta, comentasse que "fizemos uma viagem desgastante demais. Não é desculpa, mas a Federação ter desmarcado este jogo por tudo o que aconteceu ao Vitória. Há que ter a consciência que nos deitamos às duas e meia da manhã. O futebol são detalhes, podia-se, provavelmente, dar mais e não se deu porque estávamos cansados."

Como referiu, não serviria de desculpa para a equipa composta por Pedro Espinha; Márcio Theodoro, Alexandre, Arley, Tito; Paulo Gomes, Paiva, Fredrik; Djurkovic, Evando e Gilmar que até entrou bem no jogo. a desperdiçar oportunidades. Porém, "sem razão aparente, a entrada triunfal, outrora objecto de elogios unânimes, diluiu-se." E, assim, o Marítimo assumiu o controlo do jogo, acabando por chegar ao golo do triunfo já no último quarto de era do desafio.

A partir desse momento, pôde-se antever o descontrolo de Filipovic, quiçá, já a antever o desenlace de uma relação que nunca fora pacífica. Assim, como crítica, o facto de ter protelado "em demasia a operação das substituições. Então Vítor Paneira entrou em campo no último minuto? Para mudar o quê? A perder, não está convencionado, apesar do futebol não ser uma arte racional, alterar o sistema de jogo? Tira-se um médio esquerdo e coloca-se outro atleta de características similares?"

Não obstante os muitos reparos, Filipovic resolveu atribuiu as razões do desaire à longa e complicada viagem até ao Funchal e pelo facto de não ter existido "ética no futebol português." Segundo o mesmo, "a seis minutos do final do jogo desapareceram as bolas, os rapazes que apanham bolas fugiram. Hoje em dia, não é normal. Em Guimarães, não."

Fracas justificações para quem cada vez mais tinha menos créditos juntos dos adeptos e de Pimenta Machado... que haveria de perder, definitivamente, a paciência com o treinador no jogo seguinte, quando a equipa perdeu no Alentejo frente ao Campomaiorense. Mas isso, será outra história...

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