Em Vercelli estará um dos berços do calcio. Com efeito, na cidade italiana, através da inesquecível Pro Vercelli festejaram-se sete títulos italianos, os denominados scudetti, conquistados entre 1908 e 1922... nos primeiros passos do futebol.
Os tempos mudaram... inclusivamente, a hegemonia do futebol transalpino mudou de mãos, passando para emblemas com outros recursos e com capacidade de, inclusivamente, contratar os jogadores da equipa local, que aliavam as capacidades futebolísticas às de ginastas e até de ciclistas, indo de bicicleta para os jogos.
Mas, nem assim, o amor ao jogo na cidade desapareceu. Tanto que os escalões jovens do clube continuam a ter um papel preponderante na equipa, procurando lapidar jovens capazes de chegarem à equipa principal.
Foi assim que o jovem Ibrahima Bamba, filho de marfinenses emigrados para a cidade, chegou ao clube. Apaixonado pelo futebol, mostraria boas qualidades que faria que, com idade, de júnior fosse aposta do Vitória no período celebrizado pelos jogadores comparados a potros...ainda que uns fossem mais puro-sangue do que outros.
Bamba, desde que chegou ao Vitória na temporada de 2020/21, demonstrou ser diferenciado dos demais. Contratado, quase sem existirem notícias disso, tornar-se-ia, desde a sua estreia, num empate a um, frente ao Felgueiras, numa partida em que entrou aos 75 minutos, em um nome a ter em conta. Refira-se, ainda, que nessa tarde de 19 de Setembro de 2020, com as bancadas desertas por causa da pandemia, jogou ao lado de nomes de André Amaro, João Manuel Mendes ou Tomás Handel.
Estava dado o pontapé de saída, para um período em que alternaria entre a Liga Revelação e o Campeonato de Portugal, demonstrando atributos que deixavam os vitorianos de água na boca: bom toque de bola, facilidade de leitura de jogo e uma elegância distintiva dos demais. Era uma pérola escondida, que começava a merecer a cobiça de outros emblemas.
Por isso, terá vivido um dos seus períodos mais difíceis no Vitória. Sem renovar, começaria a perder espaço nos Conquistadores, até acabar por comprometer-se novamente com o Vitória, o que possibilitou a sua estreia na equipa principal na derrota por três bolas a zero perante o Benfica, pela mão de Pepa. Era mais um talento que o Vitória dava a conhecer ao mundo e que, por sete vezes, iria ser utilizado a médio defensivo nesse ano.
Porém, seria no seguinte que explodiria, já com Moreno a treinado, que explodiria... quando, em Braga, à passagem da quinta jornada foi aposta para líbero da equipa. Não mais sairia desta, apresentando todos os predicados que já deixava antever quando foi utilizado como médio defensivo: bom poder de antecipação, fácil leitura de jogo, capacidade de chegar primeiro que o avançado com elegância, em pezinhos de lã, naquele jeito distintivo que o caracterizava e que mereceu plena afirmação numa partida contra o Benfica, em que secou os avançados encarnados.
Por isso, começaria a ser cobiçado. No mês de Janeiro andou com a cabeça à roda, deixando antever nas redes sociais a sua vontade de transferir-se para os dinamarqueses do FC Copenhaga. Não sairia, renovando, inclusivamente, o contrato até ao ano de 2026, com uma cláusula de rescisão de 30 milhões de euros.
Acabaria por sair no final da temporada para um campeonato periférico, o do Qatar. A troco de 8 milhões de euros para o Al-Duahil, onde ainda hoje se mantém... talvez, pouco para quem tanto deixou antever nos 42 desafios em que actuou pelo conjunto principal de Rei ao peito.