COMO UMA BOMBA PERMITIU QUE OS CONQUISTADORES (RE)DESCOBRISSEM O CAMINHO, EXORCIZANDO TODOS OS MEDOS E MALES...

Aquela temporada de 2021/22 foi a da aposta em Pepa. Uma aposta que se desejava de êxito, mas que navegou em águas de instabilidade até por causa das dificuldades para lá dos relvados que o Vitória bem como todo o processo conducente ao acto eleitoral que terminou com o triunfo de António Miguel Cardoso.

Pouco antes disso, naquele Domingo vespertino e solarengo de 23 de Janeiro de 2022 importava vencer um rival directo, por aqueles dias, na luta pelos objectivos europeus, que era o surpreendente Estoril orientado por Bruno Pinheiro e que chegava a essa segunda jornada da segunda volta do campeonato à frente do Vitória por um ponto.

Assim, com os Conquistadores a alinharem com Trmal; João Ferreira, Borevkovic, Mumin, Rafa Soares; Alfa Semedo, Janvier, André André; Marcus Edwards, Estupiñan e Rúben Lameiras, só o triunfo poderia interessar depois de três partidas consecutivas em que tinham somado, apenas, dois pontos frentes a adversários ao seu alcance (Portimonense e Gil Vicente fora de portas e Boavista em casa).

Porém, se os objectivos passavam única e exclusivamente pelo êxito, a primeira parte, apenas, serviu para adensar esses fantasmas. Com o Vitória a não jogar bem, parecendo caminhar sobre brasas, o golo de André Franco levou a crer que seria mais uma tarde infeliz, sem capacidade de dar a volta a um texto que começava a ter demasiados capítulos com finais infelizes.... e esse era o sentimento generalizado no final da primeira parte do jogo. Era o apuramento europeu que podia estar a fugir entre os dedos!

Contudo, ao intervalo, Pepa haveria de fazer jackpot no Euromilhões... um tiro feliz consubstanciado na entrada de Rochinha para o lugar de André André. Ainda que antes do momento alto do jogo, o técnico vitoriano tivesse arriscado tudo, ao fazer entrar André Almeida e Bruno Duarte para os lugares de Mumin e de Rúben Lameiras, a verdade é que seria o extremo contratado ao Boavista a iluminar o dia. Deste modo, depois de Borevkovic ter recuperado a bola à entrada do meio campo estorilista, entregou-a a Rochinha... este virou-se para a área adversária, ganhou no corpo a corpo com Romário Baró, deu mais três passadas e descaído para a direita, a 25 metros da baliza, disparou um verdadeiro míssil que deflagrou estrondosamente nas malhas defendidas por Thiago. Um monumento! Uma ode ao que deve ser o futebol! Um momento capaz de resgatar qualquer equipa da depressão mais perceptível! Um verdadeiro detonador das emoções no vulcão chamado D. Afonso Henriques.

A partir daí, o Vitória seria outro. Esquecido das dores passadas. Consciente que era necessário vencer. E o cabeceamento de Estupiñan tornaria esse desejo em realidade, operando a reviravolta na partida. Porém, não se pense que tal tornou a partida num passeio. Atormentada e dorida pelos muitos percalços, a equipa vitoriana recuou no terreno. Como o povo diz, ainda que inconscientemente, pôs-se a jeito! Por isso sofreu e fez sofrer. Mas, ás vezes, a sorte também veste de branco e, sem que o adversário conseguisse igualar o jogo, seria um dos últimos grandes goleadores dos Conquistadores, Óscar Estupiñan, a dar a machadada final. O Vitória dizia presente ao direito a lutar por um lugar europeu... mas, ainda, teria muito que sofrer!

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