I - Pensamos muito em escrever estas palavras. Pensamos, sinceramente, se, neste momento servirão mais de lenitivo ou de acendalha numa fogueira que vai ardendo desde Sábado.
Mas, o Vitória será sempre mais coração do que razão...aliás, quando tentarmos analisar o clube apenas com os olhos do racionalismo científico ficaremos seriamente preocupados.
II - Por isso, temos de dizer. Não andamos a gostar. Estamos profundamente indignados como um clube que vai a caminho de 103 anos de existência está a ser tratado. E, aí, nem é coração! É o respeito que qualquer instituição merece e que não pode ser destratada só porque do outro lado se julgam mais fortes, mais ricos e até controlam a imprensa.
III - A desfaçatez começou no passado Sábado à noite. Depois de ter empatado na Luz, o antigo treinador dos Conquistadores, Rui Borges lançou um anátema de suspeição sobre a equipa vitoriana, em especial sobre Tiago Silva e Telmo Arcanjo, que tinham vistos amarelos na partida contra o Nacional da Madeira, limpando-os com o Farense, para jogarem contra o Sporting. Falou cheio como se fosse dono da razão, ele que no ano anterior, segundo o Desportivo de Guimarães, enquanto treinador do Moreirense, ficou zangado que a, então, estrela da companhia, Allan, não forçasse um amarelo...para não jogar contra o SC Braga.
Mais do que isso, mostrou desrespeito por dois homens que durante seis meses foram seus jogadores! Bem esteve o Vitória no comunicado que fez e ao qual o treinador, recentemente endeusado, não respondeu.
IV - Pior do que isso, a suspeição que se abateu sobre uma equipa que em todos os campos jogará para ganhar. A história das malas. O levantamento da atoarda de que os jogadores do Vitória só iriam correr se tivessem "prémio extra". Como se o Vitória alguma vez precisasse de motivação em algum campo. Como se este ano não tivesse vencido em Braga, empatado no Dragão e dividido o jogo na Luz. Será que aí também existiam prémios? O Vitória ficou no limbo: se fosse profissional e vencesse o Sporting tinha "malas" do Benfica... se perdesse, diriam que facilitou a vida aos Leões. A doença dos entendidos colocou-o numa espécie de "ser preso por ter cão ou não ter..."
V - Mais, inaudito, após a derrota com o Farense, o que obriga os Conquistadores a darem tudo em Alvalade, ainda haver gente que avança com esta teoria. Como se alguma vez um conjunto que brilhou na Europa se "vendesse" por meia dúzia de tostões. Pior... usam isso para branquearem a escabrosa arbitragem do juiz David Silva e que levou a que António Miguel Cardoso, o presidente do clube, assistisse à segunda metade do desafio no relvado e perdesse o controlo (ele que é bastante calmo) aquando da grande penalidade a favorecer o emblema algarvio. Só ele, se quiser, poderá esclarecer o que realmente sabe ou desconfia!
VI - Já que a tese das malas nao funcionava, os entendidos, as fontes, viraram-se para os prémios financeiros, acordados há quase seis meses, que o Vitória poderá receber.
Deste modo, "descobriram", como se não fosse público, que o clube pode auferir um valor acordado aquando da transferência de Manu para o Benfica, se os encarnados forem campeões. Mas, maldosamente, esqueceram-se ou não cuidaram de investigar o valor acordado com o Sporting, aquando da transferência de Rui Borges, se os leões forem campeões. Ou seja, esqueceram-se de dizer que para o Vitória será indiferente... mas isso não causava polémicas, suspeições e engrossava o lodo da maledicência que muitos no futebol português vivem.
VII - Depois disso, o constante desrespeito ao Vitória. Uma espécie de "nós contra eles", de "bons contra os maus", em que a equipa vimaranense são os vilões, os desmancha-prazeres em contraponto com os heróis do lado contrário. Uma atroz falta de respeito, uma afronta a um clube centenário que durante esta semana está a ser estrangeiro no seu próprio país.
VIII - Mais do que suceda no próximo Sábado, o orgulho em ser vitoriano está bem no alto. Um clube que aguenta esta semana, de modo estoico, com a frieza de espírito para saber o que tem pela frente, só nos pode orgulhar. Acima de tudo, pela dignidade com que tem que lidar com estas espécies hematófagas que pululam e sobrevivem no futebol português.
IX - VIVA O VITÓRIA, SEMPRE...