COMO PIMENTA A TODOS SURPREENDEU, ESCOLHENDO UM DESCONHECIDO TREINADOR E QUE TINHA SOBRE SI UMA PESADA MISSÃO...


 

Aquela temporada de 1986/87 fora inesquecível. O Vitória ombreara, a jogar um futebol irresistível, com os crónicos candidatos ao título e, até mais do que isso, levara o seu nome bem como o de Guimarães a todos os recantos do Velho Continente.

Por isso, quando foi anunciado que Marinho Peres não iria continuar no clube, mais do que a surpresa, a preocupação tomou conta de todos os vitorianos...

Porém, ainda mais estupefactos ficariam quando como seu sucessor seria anunciado tal de René Simões, que como o Povo de Guimarães datado de 26 de Junho de 1987, reconhecia "é um desconhecido dos vimaranenses e, mesmo, no Brasil, só começou a ser conhecido depois de, há cerca de um ano, tomar conta da Portuguesa de Desportos de S.Paulo, que comandou de Julho de 86 a Fevereiro de 87."

Daí, saltaria para a selecção brasileira de sub-21, então conhecidas por Esperanças, que disputaria o Torneio de Toulon em França e onde na partida que disputou contra a selecção das Quinas enfrentou os vitorianos Lopes, Soeiro e Basílio.

Apesar dessa nota de realce no seu curriuculum, a verdade é que o Notícias de Guimarães exprimia, com exactidão, o que ia na alma de todos os adeptos vitorianos: "Quem é o futuro técnico do Vitória? (..) Actualmente treinador das Esperanças do Brasil (...) mas com um curriculum um pouco desconhecido das gentes mais ligadas a este fenómeno que é o futebol."

Aliás, fazia-se um curioso paralelo com Marinho Peres, o técnico cessante, "...que já tinha um passado como futebolista de quem ninguém duvidava e que acabou a carreira futebolística na época 86/87, pondo o Vitória no top do seu futebol, este não dá indicações nenhumas a não ser quem esteve em Toulon..."

Por isso, eram levantadas várias questões todas elas pertinentes: "Será que René Simões foi contratado por uma questão de verbas que Marinho Peres aí exagerou? Será que os responsáveis vitorianos sabem mesmo a real capacidade do técnico que acabam de contratar? Ou ainda: não será um talismã desta Direcção, uma vez que na época passada, também com um brasileiro à frente da equipa, tudo correu às mil maravilhas?"

Sem qualquer resposta para as inquietações mencionadas, só se podia concluir que, "Pois, o Presidente assim o quer, assim o temos, mas que realmente este treinador não nos dá indicações em termos positivos, disso também não duvidamos."

Ao mesmo jornal de 10 de Julho de 1987, haveriam de chegar pela voz do Presidente as primeiras justificações para a surpreendente aposta. Assim, "contratamos René Simões em consciência com o desenvolvimento desportivo do Vitória nos últimos anos porquanto há muita similitude entre a acção do técnico e a do Vitória. René Simões em três ou quatro anos mostrou ter ambição e espírito de conquista, pois tendo começado a sua carreira num clube da II Divisão - Mesquita - foi agora servidor da Confederação Brasileira de Desportos, como técnico responsável pela Selecção de Esperanças."

As primeiras palavras do novo treinador seriam de confiança, acreditando ser capaz de dar continuidade ao trabalho desenvolvido por Marinho Peres. Porém, as dúvidas dos jornalistas haveriam de serem mais acutilantes do que as certezas de Pimenta e do treinador, pois este iria durar, apenas, nove partidas, saindo após o líder vitoriano ter proferido a frase mais icónica de 24 anos de presidência... mas isso já será outra história!

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