Estávamos a meio de Outubro de 1988...
O Vitória de Geninho começara mal o campeonato nacional só conhecendo o sabor do triunfo à sexta jornada frente ao Beira-Mar, ainda que menos mal tivesse empatado com FC Porto e Benfica e vencido os Dragões na primeira mão da Supertaça Cândido Oliveira.
Assim, aquela deslocação à Madeira para enfrentar o caloiro nas lides da Primeira Divisão, Nacional da Madeira, parecia ser um bom desafio para o conjunto Conquistador estrear-se a vencer fora de portas.
Puro engano! O Vitória empataria a um frente a uns alvinegros, ainda a actuar nos Barreiros, pois a Choupana ainda não tinha sido construída e marcava uma tendência que o deverá deixar em estado de alerta. Na verdade, desde esse momento, os Conquistadores sentiriam imensas dificuldades em triunfar na Pérola do Atlântico, só o conseguindo pela primeira vez na época de 2010/11, na tarde de glória e de (estreia!) do autor do hat-trick decisivo, Marcelo Toscano.
Aliás, essa seria a primeira das três vezes que a equipa vitoriana triunfaria no reduto dos madeirenses, sendo que o faria no ano seguinte graças à inspiração de Toscano e à voracidade goleadora de Edgar e na época de 2016/17, graças aos tentos de Rafael Miranda e David Texeira.
Porém, voltemos aquela tarde de Outono, em que a equipa constituída por Neno; Nando, Bené, Germano, Basílio; Carvalho, N'Dinga, René; Chiquinho, João Baptista e Silvinho até dominou grande parte da partida. Contudo, haveria de sofrer o tento da desvantagem numa grande penalidade polémica, que a enviada do Notícias de Guimarães, Teresa Ferreira, descreveu como "Dino aproveita a confusão na grande área do Vitória para cair no chão. O Sr. João Rosa nada fez, mas o seu auxiliar Ricardo Lima teve pena de Dino, levantou a bandeira e o árbitro cedeu ao pedido dos adeptos do Nacional", apontando uma grande penalidade contra o Vitória.
Apesar desta ter redundado no golo inaugural do desafio, por intermédio de Heitor, a fazer a valer mais uma vez a famigerada lei do ex, a verdade é que dois minutos depois seria o conjunto vitoriano a beneficiar de igual castigo, "pois defender com as mãos só é permitido aos guarda-redes e este tinha abandonado as redes." O inesquecível Carvalho apontaria o tento da igualdade que seria o resultado final de uma partida de reencontros como lhe chamou a publicação consultadas... mas, também, dizemos nós, de apresentação de atletas que haveriam ter uma história de Rei ao peito.
Quanto aos primeiros, o treinador nacionalista era Paulo Autuori que houvera sido adjunto de Marinho Peres na inesquecível temporada de 1986/87... mas que haveria de ser treinador dos Conquistadores no ano seguinte a este jogo bem como na época de 2000/01.
Além deste, no campo entraram dois antigos atletas vitorianos. Heitor, autor do golo nacionalista dessa tarde, que fora o lateral contratado no ano em que Autuori chegara a Guimarães e onde não fora feliz, ficando marcando por aquela eliminatória dos quartos de final da Taça UEFA perante os germânicos do Borussia Monchengladbach e Edu, um médio natural de Guimarães, filho do inesquecível Djunga que fora adjunto de Goethals, e que fizera grande parte da sua formação no Vitória.
Quanto a apresentações, uma das maiores estrelas dos nacionalistas era Edmilson que haveria de chegar ao Vitória, proveniente do Marítimo na época de 1997/98 para em três exercícios apontar 30 golos. Além deste na defesa brilhava William que a liderava com classe e sapiência e que viria com Autuori no final dessa temporada para Guimarães. Aliás, haveria de regressar novamente ao Vitória com o técnico na época de 2000/01. Por fim, no banco de suplentes estava Madureira, um guarda-redes que, também, viria com o treinador rumo ao Vitória, onde durante 8 temporadas, faria 62 jogos.
Um jogo com tanto Vitória em campo...