COMO AQUELA DERROTA EM ESPINHO LEVOU A UMA VERDADEIRA CONVULSÃO COM UMA CONTRATAÇÃO QUE LEVOU A UMA VERDADEIRA REVOLUÇÃO...

O Vitória de 1980/81 abraçava o campeonato cheio de esperança. Com efeito, na primeira temporada completa com o presidente Pimenta Machado ao leme e com Fernando Peres como treinador esperava-se uma arrancada irresistível, sedutora e capaz de catapultar os Conquistadores para os lugares mais cimeiros da tabela classificativa. A confirmar isso, as contratações do guarda-redes Vítor Damas e do ponta de lança neerlandês Blanker, capazes de fazerem qualquer adepto sonhar.

Porém, à sétima jornada do campeonato nacional o cenário era de completo e profundo terror. Na verdade, o conjunto vitoriano, apenas, conseguira vencer por duas vezes, em casa frente ao Académico de Viseu e em Penafiel, afundando-se em empates e derrotas, com especial destaque para a sofrida em Espinho, que custou o lugar ao treinador.

Pimenta, nesse momento, não esteve para contemporizações. Como escreveu o jornal Notícias de Guimarães de 31 de Outubro de 1980, resolveu substituir a equipa técnica, na qual também se encontrava o Professor Cassiano Gouveia, "que vinha transmitindo aos atletas um mal-estar incrível, como fruto do seu próprio desentendimento." Porém, se este último "sempre se prontificou a colaborar com a direcção", o primeiro não haveria de seguir este caminho, chegando "a exigir prémios para os quais em nada contribuirá." Aliás, fruto disso, e por não querer adoptar uma postura colaborante com o Vitória, "pois julgava-se senhor de tudo e de todos", foi-lhe instaurado um processo disciplinar "com vista a um despedimento baseado em justa causa."

Não obstante essa polémica, o clube não podia parar. Pedroto chegava ao clube, rotulado como aquilo que era: o melhor treinador português daquela altura. Porém, a qualidade pagava-se... caro, a ponto da referida publicação alertar que "o Vitória acaba de fazer um investimento elevado, lançando as bases de um profissionalismo a sério, com vista ao presente e ao futuro."

Por isso, era necessário que a Câmara Municipal mostrasse que estava com o Vitória, já que “o clube precisa de um estádio à altura das suas necessidades de grandeza", pelo que não exagerado pedir que o mesmo sofresse melhoramentos. Mas, ia-se mais além: "os terrenos do actual estádio, ou melhor, o actual estádio, que é camarário, não traz vantagens de espécie alguma para a administração municipal, motivo porque se não vêem dificuldades de maior para que possa passar para a propriedade do Vitória, principalmente quando se dá em troca terrenos disponíveis que são propriedade do clube.”

Nunca uma mudança de comando técnico no clube tinha gerado tanto rebuliço... nem, nunca, provavelmente, viria a gerar!


 

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