Aquela época de 1974/75 terá entrado no rol das mais marcantes da história vitoriana.
Fosse pelo futebol extraordinário praticado pela equipa treinada por Mário Wilson, fosse pelo "furacão" Jeremias acompanhado pela voracidade de Tito, fosse pela classe na defesa de Rui Rodrigues, fosse, até, pelo infeliz último jogo contra o Boavista decidido numa contestada arbitragem de António Garrido, a verdade é que os vitorianos que acompanharam a equipa durante esse ano jamais esquecerão os muitos episódios dessa viagem.
Como já escrevemos, a equipa vitoriana começou em grande ao vencer o Sporting de Espinho por cinco bolas a zero. Perderia de seguida no Barreiro, em casa da CUF, para encadear uma série de seis jogos sem perder, em que foi capaz de conseguir vencer em casa do Sporting por três bolas a duas e empatar no Porto a um, desencadeando uma enorme onda de entusiasmo em todos os adeptos.
Assim, quando naquele chuvoso dia 03 de Novembro de 1974, o Vitória deslocou-se ao estádio da Luz para enfrentar o Benfica, liderava o campeonato em parceria com o FC Porto, com quem empatara a um, graças ao golo de Tito, na semana anterior.
Porém, naquele dia, o desafio para os Conquistadores seria bem menos conseguido do que a extraordinária fotografia que ilustra estas linhas e onde José Alberto Torres segue com a bola, perseguido pelo vitoriano Abreu e pelos benfiquistas Simões, Nené e Vítor Baptista, perante uma bancada esgotada... de guarda-chuvas! Outros tempos... acima de tudo, saudosos.
Deste modo, o conjunto composto por Sousa; Ramalho, Rui Rodrigues, Torres, Osvaldinho; Pedrinho, Custódio Pinto, Abreu; Romeu, Tito e Alfredo sofreria, desde logo, por não poder contar com Jeremias, que se lesionara na partida contra os Dragões. Mas, também, teve de enfrentar "uma arbitragem caseira como de costume”, neste caso, do juiz algarvio Manuel Poeira, o que levou a que, como escreveu o jornal Notícias de Guimarães de 09 de Novembro de 1974, "teria forçosamente de sucumbir."
Tal sucederia graças a três golos sem resposta que, contudo, não apagava um campeonato tão belo quanto esta imagem. Na verdade, "apesar de ter deixado o comando do campeonato", o Vitória merecia o maior dos destaques na prova, "pois está apenas a um passo da liderança e já defrontou todos os adversários mais perigosos no campo deles." A história, contudo, não teria o final desejado, mas isso já será outro episódio para contar.