COMO RUI RODRIGUES ABANDONOU A SUA ACADÉMICA, DE MODO SURPREENDENTE, O QUE LHE VIRIA A ABRIR AS PORTAS DO VITÓRIA, ANOS DEPOIS...

Rui Rodrigues fez parte das equipas mais inesquecíveis do Vitória na década de 70 do século passado.

Defesa central de classe indiscutível, ficou ligado à coesão defensiva da extraordinária equipa de 1974/75 recordada, também, pela tríade ofensiva composta por Tito, Romeu e Jeremias. Acresce, ainda, que foi uma das estrelas daquele conjunto Conquistador que chegou à final da Taça de Portugal na temporada seguinte, habilidosamente surripiada pelo famigerado António Garrido.

Porém, para chegar a Guimarães viveria vários episódios. Nascido em Moçambique, seria aí que haveria de dar os primeiros toques na bola, a todos convencendo dos seus dotes. Tanto que foi convocado para um estágio da Selecção Nacional de juniores, onde os clubes portugueses haveriam de mostrar interesse por aquele defesa alto, que tratava a bola com esmero e cuidado, algo que, naqueles tempos, não era muito comum num defesa central.

Haveria de voltar, contudo, à sua terra natal, para, logo de seguida, até por uma questão de estudos, abraçar o sonho do futebol na Académica. Rui queria continuar a estudar e nada melhor do que conciliar o futebol com os livros.

Em Coimbra haveria de estar desde meio da temporada de 1962/63 até ao final do exercício de 1970/71. Seria com 27 anos, 290 jogos disputados pela Briosa e com o 1º ano do curso de Ciências Farmacêuticas concluído que resolveria mudar de vida, dando um novo curso à sua carreira.

Com o Benfica e o Sporting a lançarem-lhe o canto da sereia, envolver-se-ia em questões polémicas que encheram muitas páginas de jornal. Assim, o primeiro passo teve a ver com a anulação do contrato com o emblema coimbrão, que se estendia até ao final da época de 1977/78, quando o jogador iria ter 35 anos... ou seja, havia quase feito uma promessa para a vida com o clube que o recebera.

Além disso, e até mais do que isso, importava escolher entre os rivais lisboetas. Haveria de comprometer-se através de um contrato, inicialmente, com o Sporting, através de um documento sem a aposição de qualquer data, o que permitiu que o Benfica contra-atacasse. Deste modo, os serviços jurídicos dos encarnados consideraram este acordo desprovido de qualquer efeito e fecharam acordo com ele... por números astronómicos! Foram 1800 contos por 3 anos de contrato, distribuídos por 300 contos anuais de luvas e um salário na ordem dos 25 mensais.

No final desses três anos, com 59 partidas disputadas, não renovaria o contrato. Seduzido pelo projecto vitoriano e por Mário Wilson, tornar-se-ia na trave mestra do último reduto dos Conquistadores. Em Guimarães estaria, apenas, dois anos, suficientes para se tornar num dos melhores defesas da história do clube e inesquecível para quem o viu entrar em campo de Rei ao peito, regressando a casa, à sua Académica...

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