COMO AQUELA PARTIDA CONTRA O PORTO SERIA LEMBRADA MAIS PELOS FACTOS EXTRA-FUTEBOL DO QUE PELO JOGO EM SI, EM EPISÓDIOS DIGNOS DE UMA NOVELA...

Aquela temporada de 1990/91 não estava a correr como se esperava. Na verdade, o Vitória era uma sombra do que fora na temporada anterior, acumulando derrotas atrás de derrotas, levando a que Paulo Autuori abandonasse o cargo.

Assim, quando os Conquistadores receberam o FC Porto, já sob o comando do uruguaio Pedro Rocha, já somavam quatro partidas sem triunfar, numa espiral negativa que se desconhecia onde pudesse terminar.

Deste modo, naquele dia 30 de Dezembro, com os Conquistadores a alinharem com Jesus; Nando, Germano, Bené, Basílio; Soeiro, Carvalho, Basaúla; João Baptista, Ziad e Chiquinho, a grande estrela da contenda haveria de ser o árbitro Jorge Coroado que foi determinante no desenrolar da contenda.

Aliás, o título do Notícias de Guimarães de 04 de Janeiro de 1991, era claro em afirmar que o Vitória tivera "um só jogo, dois adversários." Com efeito, a referida publicação começara por dizer que "a sua nomeação só por si, e face a anteriores actuações deste juiz, deixou-nos algo surpresos e ao mesmo tempo atentos ao seu trabalho e à sua influência no resultado final."

Estes medos haveriam de ser confirmados, com o juiz a "arranjar muitas faltas bem ao jeito de Geraldão", que, contudo, não teria sucesso fruto da sua desinspiração nesse dia. Porém, se não foi por aí que os Dragões chegaram à vantagem, haveria de ser "com a sua preciosa ajuda ao deixar passar em claro uma falta cometida sobre João Batista, e na sequência da jogada surge o golo do Kostadinov."

A partir daí, quebrar-se-ia a resistência dos Conquistadores que, ainda, haveriam de sofrer o segundo golo no final da partida. Porém, se a partida fora polémica dentro das quatro linhas, haveria de continuar a ser jogada depois de ter terminado. Assim, a comitiva dos portistas alegou que "foi selvaticamente agredida e um segurança desta mesma comitiva chegou a empunhar uma pistola."

Mais do que isso, Octávio Machado, que o Notícias de Guimarães chamou de "senhor pequenino", e "não obstante estar fora de sua casa", provocou os responsáveis vitorianos, chegando ao ponto de dizer a Pimenta Machado que "o que tu queres é mandar no futebol português e ires para presidente do Benfica", ao que este terá respondido que "vozes de burro não chegam ao céu."

Acresce ainda que a direcção portista, como foi escrito nos 50 Anos do Desporto Português do Jornal A Bola, "acusaria Pimenta Machado de responsabilidade pelas graves ocorrências que antecederam o jogo entre o Vitória e o FC Porto, que culminaram com a agressão de Pinto da Costa, Reinaldo Teles e Óscar Fernandes."

Assim, alegaram que o presidente portista foi atingido com uma pedra na cabeça e os outros com guarda chuvas. Pimenta, esse, não se atemorizaria e cheio de ironia haveria de responder que "tentativas de agressão ou agressões aos portistas? Desconheço totalmente. É assunto que pertence à PSP. O que sei é que Octávio Machado me dirigiu palavras que me ofenderam." Mais do que a polémica, a preocupação estava na senda de resultados negativos que a equipa vitoriana ia averbando...

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