I - Já se sabia que seria difícil. Entre festas de homenagem, contextos emocionais que, a lusitana hipocrisia queria obrigar, e comunicados sobre a arbitragem que demonstram a sujidade que grassa no nosso campeonato, o Vitória iria ter uma vida complicada.
II - Luís Freire, diga-se, surpreendeu. Deixou Nuno Santos e Samu no banco para lançar na partida Vando e João Mendes, numa tentativa de aproveitar os muito espaços deixados nas costas por uma equipa portista que será, provavelmente, a pior dos últimos 40 anos... uma manta de retalhos, mas que dos problemas dos outros que tratem eles!
III - Porém, na primeira metade, apesar do adversário não ter criado grandes situações de perigo, o Vitória foi, igualmente, inofensivo. Sentiu dificuldades em segurar a bola, em aproveitar os espaços deixados nas costas por uma equipa completamente descompensada, sôfrega sem tino e a pedir que os Conquistadores aproveitassem esses muitos espaços.
IV - Tal só haveria de suceder na segunda parte. Depois de uns minutos de assédio adversário, quase com num derradeiro estrebuchar, o Vitória assenhorar-se-ia na partida. Com Handel e Tiago, finalmente a comandarem o meio campo. E, com a equipa a aproximar-se da área de Diogo Costa, mostrando que a partida na segunda metade iria ser muito mais trepidante, frenética...
V - E assim seria...com o golo do Vitória, anulado num fora de jogo a Handel, antes de Nélson Oliveira bater Diogo Costa. Uma decisão inesperada, surpreendente, mas que, atendendo ao que fomos vendo este fim de semana, perdoando-nos a ironia, deve ter sido tirar numa câmara colocada no metro que leva ao estádio. Um lance a fazer-nos duvidar da veracidade deste futebol, feito para ludibriar, enganar, iludir, manter o status quo, em que quando o Sol nasce será sempre para os mesmos. O futebol português está moribundo, a merecer um minuto de silêncio para alertar para o seu estado terminal antes que, definitivamente, pereça...e que teve confirmação na surreal expulsão de Luís Freire por, simplesmente, abanar a cabeça!
VI - Ainda haveria de ter o Vitória mais um ou outro lance de golo, como o cabeceamento de Borevkovic salvo em cima da linha. Porém, como quem não marca sofre, o Vitória haveria de ficar em desvantagem. Uma desvantagem injusta, imerecida e no melhor momento vitoriano.
VII - Mexeu bem na equipa Luís Freire. Tentou refrescar a equipa, virando-a para a baliza adversária. Metendo-lhe medo. Mas, o golo haveria de surgir de modo inesperado. Num contra-ataque, com Nuno Santos a lançar Umaro Embaló (duas apostas de Freire) que bateu sem contemplações Diogo Costa. Um momento de justiça poética que gelou quem pretendia e já escrevia manchetes de apologia a outros tempos...
VIII - Nada de muito relevante haveria de suceder até ao final da partida, registando-se uma curiosa antítese. Com efeito, se na primeira parte, o juiz António Nobre apressou-se a dar por findo o jogo quando o Vitória avançava para um perigoso contra-ataque, na segunda metade prolongou-o uns longos sete minutos de compensação, dando-se ao luxo de permitir que a partida durasse mais dois minutos e com um livre perigoso para a equipa portista. Quando Bruno Varela recuperou a bola e aprestava-se para lançar o contragolpe... aí sim, acabou com a partida! Dual no mínimo...
IX- Terminava, assim, a partida com um empate a saber a pouco. Segue-se, agora, o Casa Pia numa partida determinante para o objectivo europeu que ainda é possível. Há que acreditar e continuar a dar passos de estabilidade numa equipa que, pese algum conservadorismo de Freire, parece estar mais equilibrada que em outras alturas do campeonato. Consegue defender bem (que grande jogo de Relvas, na sua estreia!) e tenta projectar-se para o ataque. Que assim continue, sem factores extrínsecos ao jogo a condicioná-lo...
X - Lamentamos que a Sport TV tenha sido alvo de uma OPA ainda não anunciada pelo Porto Canal. Será, provavelmente, um rude golpe na comunicação social portuguesa, mas demonstrativa do poder de alguns no mundo desportivo português!
XI- VIVA O VITÓRIA... SEMPRE