I - Um derby entre Vitória e SC Braga será sempre aquels partidas que, apesar de valer três pontos como todas as outras, tem uma aura especial. O velhinho e tradicional jogo entre os dois rivais será dos jogos mais especiais do futebol português, só não tendo as atenções devidas por viveremos num país demasiado dado a olhar só para três emblemas, a incensar os adeptos dos mesmos, esquecendo que há outros que sentem e amam os emblemas que fazem parte da sua identidade, do seu crescimento. E este parágrafo é para os vitorianos, mas, também, para os adeptos do eterno rival que não hesitaram em dar o seu colorido à partida.
II - O Vitória entrou melhor no jogo. Com a mesma equipa que actuou em Famalicão, os Conquistadores entraram mais rápidos e agressivos sobre a bola, procurando criar desequilíbrios num adversário que, desde os primeiros minutos, pareceu demasiado recolhido, demasiado conservador, como disposto a demonstrar que mais que ganhar estava interessado em não perder.
III - Terá sido essa a tónica inicial da partida, ainda que, paulatinamente, a mesma ficasse mais equilibrada. Contudo, verdade seja dita, os momentos de mais emotividade sucederam junto da baliza de Hornicek, incluindo mesmo um golo anulado a Nélson Oliveira. Um lance em que o árbitro João Gonçalves não teve dúvidas, ainda que na bancada muitas tenham ficado... porém, em caso de dúvida já sabemos o que a casa gasta!
IV - E, assim se chegou ao intervalo. Ora, se na primeira metade do desafio, o Vitória foi a equipa mais empreendedora, na segunda acentuou esse domínio Instalou-se definitivamente no meio campo adversário. Procurou abrir brechas no adversário através de trocas de bolas. Rematou à baliza, tendo boas oportunidades para fazer a bola beijar as malhas desse modo, principalmente por Samu e Nuno Santos. Jamais o conseguiria, contudo!
V - E aqui terá de ser feito um único reparo a Luís Freire. Com o adversário em dificuldades, a despejar bolas para o último reduto vitoriano sem qualquer intenção de construção, um pouco menos de conservadorismo e de coragem a partir do banco talvez tivesse sido melhor. Arriscar Beni e Vando dez a quinze minutos mais cedo, talvez tivesse permitido um forcing final mais permanente e duradouro e conducente ao êxito que todos ansiávamos.
VI - A comprovar isso, a derradeira jogada da partida, resultante de uma boa investida do jogador contratado ao Torreense. Porém, foi inacreditável o modo como Chucho a um metro da baliza não conseguiu colocar o esférico a beijar as malhas adversárias. Mudam os treinadores, jogadores e a sina mantém-se... o Vitória é incapaz de ter índices de eficazes capazes de o aproximarem do êxito.
VII - O jogo chegava ao fim como começou, a zeros. Injusto para o Vitória e, acima de tudo, comprometedor. Mais um jogo passou e os Conquistadores teimam em não aproximar-se dos lugares europeus. Pelo menos, voltamos à velha fórmula da primeira metade da temporada, que passa por jogar bem... pena que, com ele, também tenham vindo o desperdício e os momentos perdulários.
VIII - Segue-se, agora, o FC Porto, no Dragão. Em condições normais, seria o melhor momento par enfrentar este adversário. Anselmi não conseguiu, ainda, dar uma identidade vincada ao clube que orienta e este tem demonstrado claras dificuldades em conseguir somar resultados positivos. Mas, desde o passado Sábado que vivemos uma altura pouco normal. E, sendo o jogo logo seguir ao sucedido, as dificuldades que serão colocadas à equipa de Luís Freire serão a dobrar. Haja coragem para as dobrar...
IX - Falemos, agora, do minuto de silencio a Jorge Nuno Pinto da Costa. Não tenhamos medo das palavras, nem embarquemos na hipocrisia de muitos altos representantes deste país, que até avançam com um voto de pesar na Assembleia da República.
A instituição Vitória SC, ao contrário de algumas, agiu como o deveria ter feito. Emitiu um voto de pesar, avançando com as suas condolências e demonstrando a sua tristeza. Algo que outros não fizeram e que ainda tiveram a sorte de quando jogaram ainda não se saber da morte do antigo presidente portista.
Agora, ninguém poderá pedir aos adeptos, sejam eles de que clube forem, para serem hipócritas. Para embarcarem no nacional-porreirismo de "após ter morrido já gostávamos dele", como há quase 30 anos, Miguel Esteves Cardoso escreveu numa crónica.
Obrigar quem está nas bancadas a comportar-se mediante algo instituído será ditadura! A mesma que obrigou vitorianos a entrarem descalços num certo estádio, que foi complacente com as lesões de Dane e de René e que, por vingança, desviou jogadores do Vitória para um rival e amparou-lhe o crescimento.
E o que povo jamais será, é hipócrita, como alguns que se apressaram, para parecer bem, a fazer declarações e a deixar-se fotografar a entrar na igreja... e ainda bem!
X - VIVA O VITÓRIA... SEMPRE!