COMO SE ESCREVEU, FRUTO DE MUITOS ERROS, MAIS UMA HISTÓRIA INFELIZ DO VITÓRIA NA TAÇA DE PORTUGAL... E COM A NECESSIDADE DE SE REFLECTIR, COM HUMILDADE, PARA O FUTURO!

I - Antes de tudo, parabéns ao Elvas, um histórico clube do Alentejo, que viveu um dia inesquecível no seu Patalino, quer pela (re)estreia do estádio, mas por ter feito história, perante um adversário teoricamente superior, e com todo o mérito... sem qualquer ponta de cortina.

II - Mais uma vez, numa história que começou em 1938, o Vitória viveu um verdadeiro pesadelo na prova rainha do futebol português... quando nada menos se esperava, atendendo ao precoce golo de Michel que pareceu indiciar uma tranquila tarde no renovado estádio elvense.

III - Porém, a partir daí, a equipa vitoriana aburguesou-se. Pensou, erradamente, que o tento da tranquilidade haveria de chegar no decurso da partida. Que a gestão da partida levaria a esse êxito. Puro engano. Perante um Elvas, superiormente orientado, e que foi capaz de manter a cabeça frio e o coração quente perante a partida da vida para a maioria dos seus jogadores, o Vitória, praticamente, deixou de ter produção ofensiva.

IV- Os médios empastaram o jogo. Nuno Santos viveu em modo futebol de praia, com a tentativa de diversos truques circenses. Handel está uma nódoa do que já foi, sendo incapaz de demonstrar a proactividade do início da temporada... e o Elvas chegou ao intervalo vivo na partida.

V - Mas se a primeira parte foi má, a segunda foi muito pior. Na verdade, é aterradora a insegurança defensiva vitoriana. Um tremor constante, bastando para isso o adversário ter o argumento de ser capaz de bombear bolas para a área. Julgam que é fácil? É que, quando o Vitória entrou na fase de desespero, nem isso foi capaz de fazer!

VI - Mas, para além da insegurança defensiva, a desconcentração. Aprende-se nos escalões mais inferiores da formação, que sofrer um golo de lançamento de linha lateral será um pecado capital. Pois bem, o Vitória acumula pecados mortais e adicionou mais um à sua conta, logo no início da segunda metade... e o Elvas empatou a partida.

VII - Pensou-se que tal momento que incendiou o Patalino fosse o despertador necessário para os Conquistadores fazerem valer os seus argumentos. Completamente errado! O Vitória continuou a ser uma equipa burguesa, quase como a deleitar-se com as delícias do Sol alentejano de Inverno, e atendendo à velocidade apresentada fazendo-nos cogitar que antes da partida houve um lauto almoço...

VIII - E, assim, aconteceu o que se previa. Lançamento longo proveniente do último reduto alentejano, abordagem anedótica ao lance, primeiro por parte de Jorge Fernandes, e depois de Varela, e o choque a tomar proporções reais. Um golo, fruto de mais uma inaceitável abordagem defensiva, com um guarda-redes que não tem transmitido segurança alguma e uma defesa que treme frente a qualquer adversário... bastará dizer que a equipa sofre golos consecutivamente há oito partidas, tendo acumulado nesse período quinze tentos sofridos.

IX - E, por muito que nos custe, teremos de falar de Bruno Varela. É certo que não figurará nos cinco, nem dez, melhores guarda-redes da história do Vitória. Que tem uma maior dose de tolerância que outros colegas seus como Trmal, que ainda hoje não se sabe como perdeu o lugar, ou Charles, que depois de ser o melhor guarda-redes do mês na temporada passada, foi encostado para não mais jogar. Mas, até para bem do internacional cabo-verdiano que é o rosto da insegurança e da intranquilidade desta equipa, protegê-lo de ter de actuar em alguns jogos seria o melhor para ele...e para a equipa!

X -Depois do segundo tento elvense, se o Vitória estava perdido, mais haveria de ficar. Daniel Sousa lançou jogadores para o campo, mas esquecendo-se, provavelmente, de lançar o seu jogador em melhor forma, Manu, que assistiu sentado no banco de suplentes ao lento desfiar da partida, confrontando-se com a imobilidade e falta de ideias de homens como Handel, Tiago Silva e outros que tais.

XI - Porém, mesmo com os lançamentos em campo de homens como Alberto, Kaio, João Mendes ou Chucho, o Vitória foi incapaz de criar uma oportunidade de golo. Mais do que isso, permitiu que o Elvas defendesse no meio campo dos "Conquistadores", assim entre aspas, que esta equipa hoje foi uma paródia ao seu epíteto, à atitude que deve ter em todas as partidas e não, apenas, naquelas mais mediáticas, em que os holofotes estão a incidir sobre ela.

XII - Assim, chegar-se-ia ao final do jogo, depois de 15 minutos de desconto de tempo por causa da lesão de Lucão. O Vitória caía em Elvas, num dos episódios mais infelizes de uma história cheia de tropeções na Taça de Portugal. Contudo, este estará no rol dos mais inadmissíveis, bastando, apenas, lembrar que o Elvas milita no mesmo escalão que a equipa B vimaranense joga... e isso diz tudo!

XIII - Segue-se o Arouca para o campeonato. Achamos que, mediante o que se viu, não é só a infelicidade em certos momentos que tem acompanhado o Vitória. É falta de controlo emocional em segurar os jogos. É falta de matreirice. Até alguma falta de liderança de quem manda... o que é certo é que este Vitória assemelha-se, cada vez mais, ao de Ivo Vieira, onde causava ilusão para, na realidade, tudo se esvair como areia entre os dedos. E, cada vez mais, a margem de erro é menor.

XIV - PARABÉNS AO ELVAS...

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