COMO PERES DEU PASSO DECISIVO NA SUA VIDA E QUE O HAVERIA DE O LEVAR, FUTURAMENTE, AO VITÓRIA...

Era um jovem que dava nas vistas...

Naquele final da década de 50, no Candal, um clube de uma freguesia de Vila Nova de Gaia, jogava um jovem de nome António... António Francisco de Jesus Moreira, mas que que ganharia a alcunha do bisavô: Peres. E Peres ficaria até hoje, sendo o petit nom mais forte do que o próprio nome de registo que, certamente, só será conhecido nos seus círculos mais próximos.

Peres era, acima de tudo, bom de bola. Um talento que o fazia merecer, também, o epíteto de Puskas e que, por isso, fez despertar a curiosidade e a cobiça dos maiores emblemas do futebol português. Sim, é verdade: o jovem jogador, apesar de evoluir num emblema de pequena dimensão, conseguira fazer despertar a cobiça de dois dos maiores emblemas do país: o FC Porto, bem próximo da sua casa, e o Benfica, sendo que ambos o convidaram para um período de testes, onde teve desempenho que agradei os responsáveis dos dois clubes.

Como o Jornal A Bola de 02 de Outubro de 1958 escreveu, "A Direcção do Candal, autorizada pela Assembleia Geral a negociar a carta de desobriga de Peres, pediu 200 contos a cada um dos dois clubes interessados pelo seu jogador." Um valor que ambos os emblemas consideraram exorbitante, pois para além dessa quantia, ainda teriam de pagar um prémio de "luvas" ao atleta, que contrariamente ao que sucede nos dias de hoje com a figura do empresário, tinha os seus interesses "...zelados pelo pai, antigo jogador."

Porém, em todos os negócios o factor paciência e o não desistir à primeira serão essenciais a um feliz desenlace. Deste modo, apesar da resistência do clube gaiense, aproveitando ter de acompanhar a equipa de andebol de juniores dos encarnados ao Porto, o director benfiquista, José Lopes, foi emissário da derradeira proposta do clube lisboeta, que se cifrou em 250 contos.

Todavia, a história não haveria de acabar nesse momento. Deste modo, "inteirados das pretensões do Benfica, a direção do Candal esteve em comunicação telefónica com a do F.C. Porto que ofereceu 75 contos pela carta de Peres e um jogo a realizar no campo do Candal..." que se calculava que pudesse render entre 20 e 25 contos. Além disso, o emblema azul e branco prometia um prémio de assinatura ao jogador na ordem dos 70 contos. Além disso, garantiam que o jogador poderia continuar a desempenhar o emprego que mantinha para além do futebol, recebendo um salário de 1500$00 mensais e um prémio anual de doze contos, bem como os prémios de jogo referentes aos atletas da equipa de reservas, pelo menos enquanto não ascendesse à equipa principal.

Apesar dos esforços, a direcção do Candal haveria de considerar esta proposta redutora quanto aos valores definidos para a venda do jogador. Com o Porto a não querer aumentar essa proposta, seria já madrugada alta que o acordo seria selado com o Benfica, sendo na manhã seguinte "...telefonicamente confirmado pela direcção do Benfica." Este previa o pagamento de 150 contos ao clube, outro tanto a Peres e um jogo a efectuar pelo Benfica no campo do Candal, aquando de uma das suas deslocações ao Norte do país.

Com o acordo confirmado, como escreveu o jornal Record, na rubrica "Que é feito de si", que versou sobre o jogador, "O dirigente do clube da Luz, Silvério Gouveia, deslocou-se ao Porto e acertou tudo, numa reunião realizada no Hotel Batalha, com o jovem jogador a ser representado pelo irmão por impedimento do pai.

Peres rumaria ao Benfica, assumindo que lhe custava deixar o emprego. Contudo, na Luz ficaria muito aquém do esperado, disputando duas temporadas na equipa de reservas benfiquista e sendo emprestado na subsequente, a de 1961/62, ao Atlético onde mostrou todas as suas qualidades. Entretanto, em Guimarães, despontavam dois jovens de nome Pedras e Augusto Silva que, como ele uns anos antes, haveriam de desencadear feroz disputa entre diversos emblemas. Seriam os encarnados a levar a melhor sobre a concorrência, dando para além do valor monetário estipulado, diversos jogadores, entre eles Peres.

No Vitória tornar-se-ia num dos jogadores mais importantes da sua história, um dos capitães mais carismáticos de 102 anos de vida e, não menos importante, um vimaranense de coração que, ainda, hoje vive na Cidade-Berço...

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