Era o dia de Portugal de 2021.
Um dia feriado na antecâmara das primeiras partidas do Campeonato Europeu adiado por um ano, por causa da pandemia. Um dia de ócio, sobressaltado pelo rumor que pelas 23 horas começaria de modo insistente, a correr pelas redes sociais: Neno, figura relevante do Vitória, houvera-nos deixado.
Apesar de, inicialmente, ainda se ter esperança tratar-se de um boato sem qualquer concretização, a verdade é que não tardariam a chegar as primeiras confirmações, desde amigos próximos do antigo guardião até por vizinhos que atestavam as movimentações perto da casa do infortunado guarda-redes.
Neno que, ainda no dia anterior, houvera sorrido para todos que com ele se cruzaram, tinha deixado o mundo dos vivos, ainda que o seu exemplo houvesse de ser duradouro.
De imediato, os adeptos mobilizaram-se para aquela que deveria ser a sua derradeira homenagem, a prova de um amor merecedor de todos os créditos, de todas as retribuições. Assim, em torno da estátua do Rei fundador acumularam-se cachecóis, bandeiras, camisolas e fotografias numa prova que os vitorianos jamais deixarão de saber o significado da gratidão.
Além disso, foram milhares que passaram pelo velório do infortunado símbolo vitoriano em câmara ardente no Salão Nobre do estádio, bem como o seu funeral rumo ao Cemitério de Monchique foi uma inelutável manifestação de dor, em que os fumos das claques confundiram-se com os gritos do povo, a dor das pessoas mediáticas confundiu-se com o pranto dos anónimos, num transe único e colectivo.
Neno partira mas estará sempre entre nós...