COMO GIL MESQUITA, ANTIGO PRESIDENTE VITORIANO MOSTRAVA DESGOSTO COM O QUE VIA NO ANIVERSÁRIO DOS 80 ANOS DO CLUBE, POR “ESTE JÁ NÃO É O VITÓRIA DO MEU TEMPO”!

Gil Mesquita fora presidente do Vitória durante 4 anos, entre 1976 e 1980. O seu mandato ficaria marcado por ter trilhado os primeiros passos rumo à implantação da Unidade, bem como a aposta em Mário Wilson que haveria de virar-se contra si, culminando com uma histórica assembleia-geral em que os vitorianos deliberaram que o Velho Capitão jamais poderia voltar a orientar os Conquistadores.

Depois disso abraçaria uma carreira na Associação de Futebol de Braga, onde foi presidente entre 1981 e 1990, até entrar em rota de colisão com Pimenta Machado pela sua aproximação à AF Porto e consequentemente a Adriano Pinto, o seu líder. Ficou na história a batalha para a liderança do órgão no início dos anos 90, quando o líder vitoriano ajudou Mesquita a cair, o que fez com que os dois homens passassem a ter sérias dificuldades de entendimento, consubstanciado no apoio que este haveria de dar à candidatura de José Arantes, em 2000.

Apesar de ter estado no lado oposto, Mesquita seria ouvido pelo jornal do clube a 24 de Setembro de 2000, por ocasião do 80º aniversário do clube. Era, na altura, um homem desiludido, com o avançar dos tempos, ao considerar que "Este já não é o Vitória do meu tempo." Uma afirmação surpreendente, ainda para mais num momento festivo e explicitada, em claros remoques a Pimenta, por "agora, chamam-lhe o Guimarães. Não sei o que é, porque, no meu tempo, era o Vitória Sport Clube, apoiado por toda a massa associativa, o que não acontece hoje".

Apesar desse apoio, reconhecia terem-se tratado de tempos árduos, em que a dificuldade de obtenção de dinheiro era uma realidade. Por isso, "no meu tempo, tínhamos de o inventar. Se pudesse transferir essas quatro temporadas para os tempos de hoje, garanto que administrava o Vitória sentado numa poltrona, de perna cruzada e com o telemóvel encostado ao ouvido. Nem precisava de andar na rua, a aborrecer os empresários, para lhes pedir dinheiro para o clube."

Ajudava a isso, o advento da cedência em força dos direitos televisivos, que, segundo ele, quase davam para cobrir o orçamento, relembrando que, na sua altura, a RTP pagava 20 contos pela transmissão de 20 minutos. e o orçamento da última temporada que estivera na liderança vitoriana fora de 30 mil contos. E "essa verba ainda deu para adquirir à Unidade Vimaranense, os primeiros 40 mil metros-quadrados do terreno onde hoje está implantado o complexo desportivo da Unidade."

Um homem que reconhecia que o Vitória mudara, mas sem esconder a amargura que isso lhe deixara... até por considerar o facilitismo dos tempos que então se viviam!

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