COMO JOÃO PEDRO, DEPOIS DE DAR NAS VISTAS, RUMOU À MLS ONDE ENCONTROU UM DOS MAIORES CROMOS DA HISTÓRIA DA BOLA

João Pedro entrou menino no Vitória. depois de ter dado nas vistas no clube da sua terra, o Ronfe. Vitoriano de coração, a ponto de numa entrevista ao jornal A Bola ter assumido que nunca assinaria pelo SC Braga, chegou à Unidade com 12 anos, em 2005.

A partir daí passaria com distinção todos os escalões de formação, até chegar à equipa B na época de 2012/13, estreando-se pela equipa principal na época seguinte, na derradeira jornada, quando actuou por um escasso minuto frente à Académica.

Assim, num percurso coerente e cumprido passo a passo, só no ano de 2016/17 é que o enérgico e abnegado médio tornou-se pedra preponderante no xadrez vitoriano. Assim, sob a mão de Pedro Martins ocupou um lugar na zona medular vitoriana, ao lado de nomes como Rafael Miranda, Zungu (que se encontrava lesionado), Bernard e mais alguns homens mais experientes que o jovem vimaranense mas que haveriam de ter de contar com ele. Tanto que, após ter sido titular na primeira jornada, no sempre apetecível derby do Minho, não mais perderia o lugar, apontando um dos golos com que os Conquistadores bateram o homónimo sadino.

Porém, chegados a Janeiro, e com o Vitória sempre disposto a encaixar uma receita extraordinária, o jovem jogador entrou nos blocos de notas de vários clubes. Seria, provavelmente, o destino menos esperado a seduzi-lo, ainda que numa das cidades mais cosmopolitas do mundo: Los Angeles. Seria, pois, contratado pelos LA Galaxy, por uma soma de um milhão de euros com o Vitória a reservar 30% dos seus direitos económicos. O novo clube, esse, haveria de escrever nas suas redes sociais que “João é um médio de grande talento que tem jogado ao mais alto nível em Portugal. O jogador tem 23 anos e os melhores anos da sua carreira diante de si. Consideramos que ele pode de imediato reforçar o nosso meio-campo."

Porém, a vida na cidade das estrelas mudou completamente. Como o próprio reconheceu em entrevista à Tribuna Expresso, "Guimarães comparado com Los Angeles é uma cidade muito pequenina. Eu não tinha noção. A minha namorada primeiro teve de convencer os pais para ir comigo [risos]. Para ter noção do quão inconsciente foi tudo, para ela não estar a sair do país de três em três meses, devido ao visto, resolvemos casar no civil. As patroas dela arranjaram-nos umas alianças de ferro, que fizeram na loja delas, e apareceram lá. Só sabiam os nossos pais, as patroas dela e uma tia minha. Foi tudo muito de urgência, porque eu tinha de viajar para Los Angeles. Mas acho que as coisas acabaram por correr bem."

Um novo mundo que o levou a viver experiências pouco habituais para um jogador de futebol, como confessou na referida entrevista, ao dizer que “Depois de um jantar de equipa dos LA Galaxy, só me lembro de acordar nu num hospital, em Las Vegas, com a enfermeira a tirar-me o soro."

Um mundo fantástico, único e condimentado por lidar com uma das figuras mais fascinantes do futebol mundial da história, um tal sueco de nome Zlatan Ibrahimovic, que, para além de extraordinário avançado, é o que se pode chamar de "cromo sem repetido." Bastará partilhar alguns episódios narrados pelo homem saído de Ronfe e que lidou com uma egocêntrica estrela que "Fomos jogar a casa do Houston Dynamo. Fizemos o 1-0, eles viraram para 2-1, fizemos o 2-2 nos últimos minutos e eles responderam com o 3-2. No final do jogo, no balneário, ele [Zlatan] deu-nos uma descasca e disse: ‘Malta, se for para vir para aqui para ir à praia, passear em Hollywood, digam, mas digam mesmo. Tenho 300 milhões na conta, uma ilha, não preciso disto para nada. O primeiro que me disser alguma coisa, eu mato-o, mas mato-o mesmo". Ou então, quando em dia de aniversário, "Estávamos a fazer uma pelada, 11 contra 11, e perguntaram: ‘A bola sai de quem?’ O nosso adjunto disse: ‘Sai do João Pedro porque ele faz anos hoje’. O Ibrahimovic virou-se para ele e disse: ‘O meu aniversário é todos os dias. Passa cá a bola’.!"

Uma experiência única, numa cidade única e ao lado de um homem único no futebol mundial e que durou um ano e meio e trinta partidas... no entanto, poucos se poderão gabar de tão sedutora aventura, após abandonarem o Vitória!

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