A temporada de 1986/87 corria de vento em popa ao Vitória. Futebol espectáculo, entrecortado com a consciência do resultado como sucedeu em Praga, num claro sinal de uma equipa que soltava os artistas, dava asas a Cascavel para ganhar a Bola de Prata, depois de no ano anterior ter sido o segundo melhor marcador do campeonato, mas que tinha gente que, para além de ter um talento infindável, corria muito.
Um desses exemplos, era N'Dinga, o zairense que tinha chegado no início desse ano e que, aos primeiros treinos, Marinho Peres percebeu ter uma pérola para polir... ainda que, inicialmente, tivesse de ganhar o ritmo europeu, o que, agora, os entendidos, tentam denominar de "intensidade competitiva".
Como qualquer predestinado, consegui-lo-ia facilmente. A ponto de se tornar numa das estrelas maiores do Vitória do futebol nacional e do... futebol europeu! Ao ponto de ser merecedor de um curioso reconhecimento.
Assim, o médio no início de 1987, conseguiu ser considerado o 13º melhor jogador a actuar em campeonatos europeus com menos de 24 anos. Tal galardão atinha-se à distinção atribuída pela consagrada revista italiana, Guérin Sportivo, denominada de Golden Boy, e que no ano passado, a título de exemplo, consagrou o médio Gavi do Barcelona.
No ano em que, também aqui, N'Dinga levou longe o nome do Vitória no Velho Continente, o vencedor foi um tal de Marco Van Basten, que actuava no Ajax, e haveria de notabilizar-se no Milan. Futre, esse, ficou em terceiro, Fernando Mendes em 31º e mais nenhum jogador a actuar em Portugal conseguiu entrar nesta exclusiva lista... até nisso, a época do Vitória foi inesquecível!