COMO UMA ELIMINATÓRIA EUROPEIA QUE DEU PREJUÍZO, QUE OBRIGOU A UM REGRESSO QUE DUROU 13 HORAS, QUE COLOCOU SÓ UM ADEPTO EM DELÍRIO E OBRIGOU A PAGAMENTO DE PRÉMIO (PESADO PARA A ALTURA) MESMO ASSIM SE TORNOU INESQUECÍVEL...

Da estreia do Vitória nas competições europeias já muito se escreveu e falou.

Uma verdadeira epopeia que teve o seu início a 10 de Setembro de 1969, em Guimarães, frente ao Banik de Ostrava, da então Checoslováquia, e que os Conquistadores venceriam por uma bola a zero, graças ao golo de Carlos Manuel.

No centro da Europa, a equipa saberia sofrer, conseguindo um empate a um, graças a um "golo de teribela", como o próprio se referiu a ele, que colocou em delírio um adepto (o único vitoriano a acompanhar a equipa) e a restante comitiva composta por dois dirigentes, Fernando Bastardo e Gil Mesquita, o treinador Fernando Caiado, o massagista Ribeiro e os quinze jogadores convocados para a expedição.

Expedição essa que deu prejuízo. Na verdade, como escrevia o jornal "A Bola" de 02 de Outubro de 1969, " tal prejuízo deve rondar os 40 contos, pois o jogo de Guimarães deu um saldo de cerca de 180 contos e as despesas desta deslocação à Checoslováquia andam pelos 220 contos, aproximadamente."

A atenuar as despesas, o facto de "... por acordo mútuo, cada clube, quando visitado, pagou ao adversário, além da estadia para vinte pessoas, a viagem aérea feita dentro do próprio país, ou seja, o Vitória pagou ao Banik o percurso Lisboa-Porto-Lisboa e o Banik pagou ao Vitória o percurso Praga-Ostrava-Praga."

Depois da festa da passagem da eliminatória, viria a recompensa do prémio de passagem da eliminatória, que se cifrava em 2.500$00, "o qual será aumentado sucessivamente à medida que a equipa minhota prolongar a sua manutenção na competição", o que, infelizmente, não sucedeu. O Vitória haveria de cair na eliminatória seguinte frente aos ingleses do Southampton.

Por fim, falemos do regresso dos heróis de Ostrava a Guimarães. Num tempo em que os voos charter eram uma raridade, a viagem para o Berço da Pátria demoraria mais de meio dia, revestindo-se de uma verdadeira aventura. Assim "do estádio do Banik, onde o Vitória ficou instalado, até ao Aeroporto de Ostrava são cerca de trinta quilómetros, que serão feitos de autocarro.", para depois empreender-se uma verdadeira aventura.

A saber:

" Partida de Ostrava 7.20

Chegada a Praga 7.55

Partida de Praga 9.45

Chegada a Zurique 10.55

Partida de Zurique 12.20

Chegada a Lisboa 16.05.

...

A caravana vimaranense segue de Lisboa para o Porto, no voo TP-108, com partida as 20 horas e chegada às 20.40. Chega ao Porto, pois, treze horas depois de sair de Ostrava e faltar-lhe-á ainda a ligação Porto-Guimarães", onde chegaria triunfante pelo feito obtido e com muitas histórias para contar.

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