O futebol mudou...
Fala-se em milhões com uma naturalidade desarmante, mas a verdade é que os clubes, agora sociedades desportivas, teimam em apresentar prejuízos, passivos e outros chavões que denunciam uma situação financeira preocupante.
Porém, nos anos 80 era tudo diferente, tal como o jornal Povo de Guimarães nos dá a conhecer na sua edição de 24 de Março de 1989.
Assim, a decorrer num Teatro Jordão quase cheio, o Vitória realizou uma assembleia-geral que despoletou grandes expectativas, porque "todos os sócios andam bastante insatisfeitos com os resultados da equipa sénior do clube, pois os resultados não são aqueles que mais desejavam." Além disso, "havia, também, havia alguma expectativa sobre se haveria ou não novas cotas suplementares", ainda que tal tema não se encontrasse expresso na ordem de trabalhos.
Depois, seria apresentado o relatório e contas pelo próprio presidente da direcção, que anunciou um lucro de 95000 contos, o correspondente a 475 mil euros na moeda actual e que só não foi superior porque "falou do dinheiro que o clube investiu nas obras da Sede e no Estádio, as quais se cifram em algumas centenas de contos."
Depois haveria de explicar que o clube tinha investido nas modalidades amadoras, algo que impediu de apresentar números superiores. Assim, Pimenta "falou dos feitos das modalidades amadoras do clube, tendo realçado o karaté com diversos títulos nacionais nos mais diversos escalões." Porém, mais surpreendentemente do que isso, a alusão a uma estranha e inesperada modalidade: o montanhismo, que, segundo Pimenta, "já tem um elevado número de praticantes."
Porém, o que desencantava os presentes passava pela má prestação desportiva da equipa de futebol que, fruto de um dos campeonatos mais equilibrados da história estava tão perto dos lugares da descida como do 4º posto. Por isso, "o presidente da direcção voltou a usar da palavra e divulgou os prémios que paga aos jogadores para os motivar à ida à Europa: Fora: vitória (50 contos), Empate (25 contos); Casa: vitória (30 contos) e empate (15 contos)."
Outros tempos...