COMO JOAQUIM JORGE, DURANTE GRANDE PARTE DAQUELA TEMPORADA, FOI ALVO DE UM IMERECIDO OSTRACISMO, TÃO PRÓPRIO DO FUTEBOL PORTUGUÊS...

Um dos maiores esteios defensivos das grandes temporadas do Vitória na década de 60 foi Joaquim Jorge. Um colosso defensivo que chegou a Guimarães, primeiro a título de empréstimo do FC Porto, para estabelecer-se na Cidade Berço de onde sairia, apenas, no final do exercício de 1971/72.

Porém, a sua grande época terá a sido a de 1968/69, aquela em que o Vitória viveu os sonhos de um inédito título que, todavia, nunca haveria de chegar. Uma temporada em que os comandados de Jorge Vieira basearam o seu desempenho num inatacável desempenho defensivo que fez com que terminassem o campeonato com o título de melhor defesa, a par do Benfica, com, apenas, 17 golos sofridos em 26 partidas.

Com grande contribuição para a existência dessa estrutura coriácea esteve Joaquim Jorge, que a não convocação para a selecção portuguesa haveria de merecer a indignação dos responsáveis vitorianos expressa num artigo do jornal do clube a 30 de Janeiro de 1969. Aí, lamentava-se que "não é de hoje o ostracismo a que os jogadores da província são votados por certos seleccionadores." Na verdade, como se escrevia, "talvez (...) já devêssemos estar acostumados a umas quantas injustiças que quando calha nos batem à porta, ou melhor, batem à porta dos jogadores do Vitória."

Com efeito, "... é demasiado flagrante (...) o esquecimento que caiu sobre Joaquim Jorge, o magnífico quarto-defesa vitoriano, que sendo hoje o melhor jogador português no lugar, nem sequer uma chamada aos treinos da selecção mereceu." Tal opinião era documentada pela avaliação semanal de desempenho levada a cabo pelo Jornal A Bola e que haveria de culminar com o jogador a vencer o Prémio Somelos-Helanca destinado ao futebolista da Primeira Divisão com maior pontuação.

Esta realidade era conducente a uma curiosa dedução: "ou os comentadores do reputado Jornal lisboeta não sabem nada de futebol, ou o seleccionador nacional sabe tudo..."

Por isso perguntava-se em jeito de conclusão "quando soará a hora do excelente jogador vitoriano? Já não será sem tempo..." Por isso, talvez para calar a indignação vitoriana, o jogador, conjuntamente com o seu parceiro de eixo defensivo Manuel Pinto, seria convocado para disputar duas partidas no final da temporada: uma, a título particular, frente ao México e outra, a contar para a fase de qualificação para o Campeonato Mundial que se haveria de disputar em 1970 e que consagrou definitivamente Pelé, perante a Grécia. Contudo, não mais seria chamado, de pouco valendo futuros artigos de repulsa...

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