COMO A ANORMALIDADE CLIMATÉRICA ALGARVIA SELOU UM RESULTADO INESPERADO...

Estávamos na viragem de ano de 1962 para 1963.

O Vitória, treinado pelo argentino José Valle lutava para andar nos lugares de topo da tabela classificativa, depois da agónica temporada do ano anterior em que um pontapé de Augusto Silva garantiu a manutenção na derradeira jornada perante o FC Porto.

Assim, depois de ter começado a temporada de 1962/63 a empatar em casa com o Leixões, num polémico jogo que até tiros teve, a equipa até chegar à partida em Olhão, à nona jornada do campeonato, foi regular. Deste modo, triunfou em quatro partidas e perdeu três contra contendores, teoricamente mais fortes e habilitados, como eram os casos, na altura, do FC Porto, Sporting e Belenenses.

Atendendo a este cenário esperava-se que naquele dia 30 de Dezembro de 1962, o onze composto por Santos, Caiçara, Daniel; Manuel Pinto, Mário, Virgílio; Castro, Romeu, Lua, Mendes e Peres pudesse ir a Olhão, no Algarve, resgatar três pontos perante uma Olhanense nos últimos lugares da tabela.

Porém, ao contrário do que é habitual que, como reconhecia a crónica do Notícias de Guimarães de 06 de Janeiro de 1963, "tínhamos de estranhar as condições meteorológicas, era para arregaçar as mangas, desabotoar o colarinho ou saborear um refresco. Ainda na época passada, enquanto aqui em Guimarães tudo se inundava com chuvas torrenciais, por lá raiava um sol criador que consolava gozar-se..."

Todavia, naquele Domingo, como escreveu o Mundo Desportivo, "a intempérie, que tem flagelado particularmente a província algarvia, voltou a intensificar-se, ontem, cerca das 14 horas. Bátegas fortíssimas desabaram sobre a característica vila cubista, pondo em riscos a realização do encontro entre o Olhanense-Vitória." Assim, "só a boa vontade do árbitro, que conferenciou primeiramente com os dirigentes dos clubes, depois de ter descido no campo para apreciar o lamentável estado do terreno, já revolvido anteriormente por uma partida de juniores, que se efectuara de manhã, terá contribuído para evitar que se registasse um adiamento desagradável sob o aspecto financeiro."

O problema, contudo, passava pelas condições em que o jogo se desenrolou, sendo que "todavia, quando uma equipa sobressai da outra pelo processo de agir, tem que se ter em conta, se o terreno é propício ou não para aquela que rendilha os passes, que joga metódica, que avança ou caminha empregando os processos dum bom futebol." Ora, naquele Domingo não o seria, ainda que o Vitória pelas crónicas analisadas, "não merecia perder, mostrou-se mais evoluído no desenvolvimento do jogo, teve negaças da sorte, durou mais que o seu adversário em condições físicas, o segundo tempo foi seu..." Contudo, acabaria, dolorosamente derrotado por duas bolas a zero, selando mais uma derrota de um campeonato que se pautaria pela mediania, confirmada pelo sexto lugar final.

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