OS GÉNIOS QUE PARECIAM ALHEADOS E QUE NUNCA SOUBEMOS COMPREENDER TOTALMENTE A SUA ESSÊNCIA... MAS QUE JAMAIS SAIRÃO DA NOSSA MEMÓRIA!

Mais vale quem Deus ajuda, quem aquele que muito cedo madruga. Dirá o povo na profusão do seu saber...

E, no futebol, mais valerá aquele que foi dotado de um talento inesgotável, do que o que muito corre, mas pouco produzirá! São os mágicos que podem tirar um coelho da cartola a qualquer momento e que quando pegam na bola espera-se tudo... até receberem assobios por um adorno, por um assomo de rebeldia.

No Vitória, desde sempre existiram jogadores assim. Aqueles talentos incompreendidos, que aliavam a genialidade a um modo especial de ser, capazes de levarem as bancadas da ira e irritação ao êxtase... Assim, desde os primeiros tempos do clube existiram atletas assim no Vitória, capazes de exasperar as bancadas e, pouco depois, levá-las ao delírio.

Podemos relembrar o avançado esquerdino Alexandre, capaz de desequilibrar qualquer partida, mas sempre conotado como franzino e individualista. Uma das primeiras grandes estrelas vitorianas, o primeiro a ser capa de revista nacional na Stadium e o autor do primeiro golo na Amorosa. O click próprio da genialidade a aparecer nos momentos sempre importantes...

Depois, poderíamos relembrar Carlos Alberto. O genial brasileiro que chegou ao Vitória em 1958, no ano do regresso à Primeira Divisão, e que a todos fascinou com a sua capacidade técnica única, inigualável. Mas que depois do fascínio da lua de mel, caiu no criticismo de ser acusado de ser individualista, de jogar só para si, de não passar a bola... no fundo, um artista que se iluminava e apagava consoante os humores. Ou não serão os verdadeiros talentos assim?

E se falamos de humores o que dizer de Djalma? Já aqui lhe chamamos o herói romântico do povo vitoriano. Um génio que cedia facilmente às tentações mundanas. Um craque que perdia a cabeça e que arrastava com ele a equipa. Mas, em dia bom, inspirado, muitos garantem ter sido o melhor jogador que viram levar o Rei no peito. Mas, como ja escrevemos, se estivesse em dia mau era para ter medo...

Avancemos no tempo... para aquela inesquecível temporada de 1986/87, onde Paulinho Cascavel foi a alma goleadora de uma equipa que levou o Vitória como nunca chegara e não voltou a chegar nas competições europeias. Atrás dele, vivia um génio de nome Ademir Alcântara. Do melhor que já vimos e que, para além, de pincelar quadros de rara magia, tinha golo nas botas. Mas quantas vezes foi assobiado por parecer alheado da partida? De parecer que estava com a cabeça naquela telenovela, naquela praia, ou que nem estava? Só o corpo ali vivia... Mas, quando despertava, era a certeza do génio, da imprevisibilidade, da ilusão de um mundo vitoriano cheio de sucessos e no apogeu. E os assobios eram palmas...

Lembremos, agora, Pedro Barbosa. O falso lento apaixonado por croissants como diria Quinito. Um homem que, por vezes, parecia esconder-se numa cova dentro do relvado. Que se arrastava penosamente pelo campo. Mas... quando o que havia de melhor dentro dele surgia, o jogo transformava-se, pois ele virava-o de pantanas, com um tiro extraordinário, com uma finta curta para a qual não havia antídoto, para o toque de magia distintivo da equipa.

E, quantos outros poderíamos lembrar... Romeu, Caio Júnior, Zahovic, Milovanovic, Benachour, Marcus Edwards, até Raphinha que hoje brilha no Barcelona, e muitos mais que, talvez, não tenhamos sabido compreender na sua máxima plenitude. Mas, vamos sempre a tempo de reconhecer a sua genialidade...

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