I - Numa fotografia, o esgar de surpresa de muitos vitorianos.
Com efeito, Luís Pinto foi capaz de, numa equipa, deixar todos, absolutamente atónitos, com as apostas em Rivas (que nunca tinha jogado) no centro da defesa, a dupla Beni e Gonçalo Nogueira no centro do terreno nos postos de Handel e de Tiago, de Telmo Arcanjo em vez de Vando e, talvez, a maior surpresa de todos, o talentoso Miguel Nogueira ao invés de Nuno Santos.
Nem quem quisesse ficar rico no Placard, provavelmente, ousaria avançar com semelhante palpite.
II - Apesar da ousadia das mudanças, entrou bem o Vitória na partida. Gonçalo Nogueira justificava a cada centímetro palmilhado estar pronto para ser titular nos Conquistadores. Beni dotava a equipa da agressividade que lhe terá faltado nas partidas iniciais. E, Miguel Nogueira, a cada toque na bola, iluminava os corações de esperança e fazia-nos crer, com um pouco mais de força, que há razões para desejar que o futuro seja rápido...e que traga em si, tudo o que o presente augurou!
III - Assim, até ao golo, teremos assistido aos melhores momentos do Vitória na presente época. Uma equipa muito mais pressionante, compenetrada, com Beni a ganhar bolas atrás de bolas, Gonçalo a demonstrar uma leitura de jogo acima da média, e, finalmente, a assistir-se a algum entusiasmo nas bancadas. A coragem de Luís Pinto parecia estar a ser premiada!
V - Porém, terá sido nesses momentos, que terá sucedido o caso do jogo. Facto é que a bola foi colocada fora de campo por um jogador do Arouca, sendo que os atletas vitorianos recuperaram-na para Gonçalo Nogueira fazer um passe teleguiado e açucarado para Gustavo facturar. Mas facto, também, será que o VAR haveria de anular o golo pela bola ter saído de jogo... mas se a mesma foi recuperada pelos Conquistadores, poderia a tecnologia ter tomado posição? Deixamos a dúvida no ar...
VI - Mas, se nesse lance os festejos foram reprimidos, pouco depois, Gustavo Silva haveria mesmo de marcar, misturando argúcia com talento, presença de espírito com agilidade. Parecia estar tudo encaminhado para a felicidade regressar aos D. Afonso Henriques e os sorrisos voltarem a ser apanágio dos vitorianos.
Porém, três minutos, depois, o enésimo balde de água fria de uma temporada que, ainda, agora começou! Falta de compensação na lateral esquerda defensiva vitoriana, cruzamento para o coração da área vitoriana e sem qualquer oposição, o avançado do Arouca a cabecear para o golo...sem que Charles não ficasse isento de culpas!
VII - E assim, se chegava ao intervalo, para se entrar numa segunda parte...cheia de nada! Rigorosamente zero! Bastará dizer que o Vitória, apenas, rematou por uma vez à baliza adversária, já quando Tiago Silva, Mitrovic, Nuno Santos, Vando Félix e N'Doye estavam em campo. Uma absoluta nulidade de ideias, de capacidade de desequilíbrio, de rasgo que permitisse chegar ao triunfo.
VIII - Na verdade, terão sido quarenta e cinco minutos exasperantes, com os Conquistadores incapazes de urdirem uma jogada, ou de , pelo menos, fazerem um chuveirinho eficaz para a cabeça de N'Doye. Com efeito, de que adianta ter um avançado com estas características se a equipa é incapaz de jogar com e para ele? E o que dizer da esperada e desejada criatividade de Nuno Santos, mas que tem-se revelado incapaz de acender uma centelha do talento que julgamos que ele é possuidor.
IX - No final da contenda, os assobios dos adeptos não enganaram. O povo, na sua infinita sabedoria, terá sempre razão. Este Vitória está uma sombra do que foi na temporada passada, sendo que a reformulação que foi efectuada, terá sido demasiado radical para o estado em que a equipa se encontrava.
Agora, a dois dias do final do mercado, dever-se-á esperar que possa surgir um bom negócio de ocasião, que possibilite o plantel ser reforçado com, pelo menos, um novo defesa central e um avançado.
X - Já fomos acusados de ser divisionistas, de ser péssimos, simplesmente por darmos a nossa opinião desprendida. E, verdade, seja dita.... a presente temporada encerra, até agora, poucos pontos positivos.
Terá tido mais um negativo, quando no final da partida, António Miguel Cardoso desceu à sala de imprensa a pedir apoio para a equipa e assumindo o compromisso de se demitir se a equipa não conquistar o quinto lugar.
Na nossa honestidade, teremos de dizer ao presidente que de apoio não se poderá queixar, pois só após o final da contenda existiram manifestações de desagrado, sendo que a razão que levou a esta radical mudança no grupo ficou por explicar.
Além disso, o compromisso de demissão pareceu a de um homem só e que só por ele passam as decisões do futebol vitoriano.
Então, onde anda a propalada profissionalização da estrutura? A necessidade do scouting de excelência, tantas vezes aludido, e que pelas condições deficitárias das contas vitorianas, obrigava a errar pouco?
Além disso, ao segurar Luís Pinto, Cardoso ficou refém da continuidade do treinador... ainda que, com ele, isso queira dizer pouco, pois, também, colocou a cabeça no cepo por Moreno (o treinador do mandato) e Luís Freire (também com a mesma expressão) e nem um nem outro tiveram vida longa nos Conquistadores...
Logo, as palavras do presidente vitoriano terão de ser olhadas com relativa atenção, sendo interpretadas como cada um quiser!
XI - O campeonato parará por compromissos da selecçao nacional. Quando regressar, o Vitória deslocará à sempre difícil Reboleira, para enfrentar o Estrela. Esperemos que o fecho do mercado não seja demasiado penalizador para os Conquistador e que os quinze dias de trabalho sem a pressão dos jogos possam ser frutíferos para uma equipa que, ainda, não o é na verdadeira acepção da palavra. E o caminho vai-se estreitando e equipas como o Famalicão ou Gil Vicente vão somando pontos de forma regular...
XII - VIVA O VITÓRIA, SEMPRE...