COMO ALFREDO VALADAS DEIXOU A SUA MARCA, AINDA QUE FORA DO COMUM, NUMA ENTREVISTA, NAQUELE QUE ERA O SEU PRIMEIRO TRABALHO A SÉRIO...


Estávamos na temporada de 1948/49.

Antes de uma partida frente ao SC Covilhã, a revista Stadium, a referência desportiva daquela altura, dava voz ao treinador do Vitória, Alfredo Valadas. Ele que fora um extremo esquerdo de bons recursos ao serviço do Benfica e que, por isso, chegara a internacional português, abraçara o Vitória como o seu primeiro trabalho de fundo como treinador depois de vários momentos em que fora, apenas, técnico interino.

Desde logo, chamaria a atenção o seu modo de surgir, completamente diverso dos treinadores de hoje em dia. Assim, surgiu de chapéu à cavalheiro "fin de siécle", fato de fino corte, gravata e como escrevia a revista mencionada da data de 24 de Novembro de 1948, "na lapela do seu casaco levava o emblema do popularíssimo Benfica, o "seu" grande Benfica..." Um claro sinal dos tempos em que um técnico, apesar de trabalhar num emblema, podia assumir de modo declarado a preferência por outro.

Mas, além disso, destaque para o facto de assumir que não tinha qualquer curso para desempenhar as funções para as quais fora investido e outro curioso facto que demonstrava ter uma visão fora do comum da idiossincrasia do futebol minhoto.

Assim, questionado acerca da evolução do futebol minhoto, depois de demonstrar a fé nessa realidade, pois "o Vitória e o Sporting de Braga têm, na Divisão Maior, vincado bem a boa qualidade do futebol que praticam", acrescentaria que "as rivalidades desportivas que se verificam entre os adeptos dos maiores agrupamentos desta região tem contribuído, de modo acentuado, para tal aperfeiçoamento." Porém, segundo ele, "não se entende que haja minhotos que se congratulem com a derrota dum clube da região em frente doutro de terras distantes. (...) Deve ser um por todos e todos por um."

Apesar do modo sui-generis de interpretar as rivalidades, diria que Guimarães "é gente do melhor e muito hospitaleira. O ambiente é bom. Aqui vive-se muito o futebol. Não há terra mais agradável para quem, como eu, trabalha naquele desporto..."

Terminava a entrevista em grande "já que os seus pupilos estavam já na cabine preparando-se para a luta que daí começaria" frente à equipa serrana e que seria vencida por uma bola a zero, graças ao golo de Franklim, logo aos dois minutos.

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